janeiro 16, 2007

Um aparte.



Hoje em dia e cada vez mais, há razões externas (alheias às causas congénitas), como os maus hábitos alimentares, poluição, estilo de vida, etc., que aumentam a infertilidade entre os casais que querem ter filhos.

Ora, “de acordo com as causas detectadas há, na maioria dos casos, tratamento adequado para uma “concepção assistida”, como seja:

Por intervenção cirúrgica, por intervenção medicamentosa, por mudança de estilos de vida, por inseminação artificial, de que há várias modalidades como, por exemplo, a indução de ovulação, a indução de produção de melhor esperma, inseminação intra-uterina, fertilização in vitro, ICGS (injecção de um espermatozóide num óvulo usando micropipetas ou outras técnicas de micromanipulação)”.


Como é que é possível, pois, que neste país se ande a clamar por “Evolução” e “Civilização”, atribuindo-lhe a liberalização do aborto como paradigma, quando temos um Estado que se demite de apoiar o combate à infertilidade e não se ouve ninguém a clamar por apoio, face a esses tratamentos caríssimos?!?!?

A “questão de saúde pública”, para este governo, fica-se pelo financiamento da morte?

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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quarta-feira, 17 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Caro Jardim do Arraial,

Os seu blog demonstra claramente o que é a campanha pelo Não, o tipo de argumentos e a tentativa de desviar a discussão para o acessório.

De facto, tenho de reconhecer, a campanha pelo Não aprendeu muito desde o último referendo.

Afirmando defender a Vida, no Não limita-se a introduzir na sociedade portuguesa a cultura do medo, do obscurantismo e da falisdade.
Veja-se as declarações do cónego Tarcísio Alves, ao DN de hoje, e compreende-se que para o Não vale tudo.

Aqueles que aparecem a defender o não assumem posições extremamente interessantes.
São pela vida, mas já apoiaram cruzadas, invasões e guerras. Estão na primeira linha da defesa de políticas belicistas no Médio Oriente, no Afeganistão, na Jugoslávia, no Iraque, etc.
São pela vida, mas nunca ninguém os viu na luta por melhores condições de vida e de trabalho das mulheres portuguesas, nunca ninguém os viu na defesa de um sistema nacional de saúde público, gratuito e de qualidade, nunca ninguém os viu a defender a educação sexual e o planeamento familiar, nunca ninguém os viu na defesa de uma sociedade sem discriminações, na luta pela igualdade entre homens e mulheres.

Muito pelo contrário, estiveram e estão sempre do outro lado da barricada, a promover a injustiça para depois se poderem dedicar à caridadezinha.

Nunca estiveram preocupados com a vida e muito menos com a sua dignidade.

Este é o problema do Não, é que nós conhecemos quem lá está e porque lá está.

A discussão é simples, não desviem o assunto:
uma mulher que interrompe a gravidez até às 10 semanas deve ser perseguida judicialmente?

Esta é a pergunta, isto é o que está em jogo.
Ninguém é a favor do aborto, ninguém vai liberalizar coisa nenhuma, vai-se criar uma excepção à lei existente.

Responda-se à questão concreta.

sexta-feira, 19 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Apenas uma curiosidade, a excepção já está na lei, mas ajudava a compreender o pensamento de quem apela ao voto no não:
Uma mulher violada têm ou não a legitimidade de abortar?
Se sim, não estará a matar uma vida?
Qual o valor dessa vida?

sexta-feira, 19 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Caro Duarte:
Você parte de preconceitos claros em relação a quem defende o NÃO, está visto! Começa por ir buscar um cónego, evoca cruzadas, guerras e invasões, passa pelo Médio Oriente e acaba num interessante périplo político-partidário como se o NÃO fosse um regimento de liberalóides beatos pró-América.

Deixe-se disso e lembre-se que a luta pela despenalização não é exclusivo da Esquerda, nem a luta contra o aborto o é da Direita. Trata-se de uma questão transversal, que fende toda uma sociedade muito para além do que ela crê ou não ser o modelo económico ou social ideal para o país.


Pois então, não nos desviemos do assunto. Pergunta você:
“Uma mulher que interrompe a gravidez até às 10 semanas deve ser perseguida judicialmente?”

Eu começava por lhe perguntar o porquê das 10 semanas…?!? Creio que o aborto, enquanto acto clínico, deve ser SEMPRE “perseguido judicialmente”. Agora, é o facto de ser a mulher a perseguida que o aflige…? Muito bem, a mim também. Faça-se uma Lei que despenalize a mulher e penalize severamente e efectivamente o executante técnico do aborto e eu votarei SIM. Que me diz?

Como vê, existem soluções para que não “liberalizando o aborto” (como diz você que não está aqui em causa), se garanta o anonimato e a impunidade da mulher que se expôs à intervenção.

Agora digo-lhe, sabe porque é que o SIM não está interessado em discutir esta possibilidade? Porque a prioridade não é “tirar mulheres da prisão” (até porque não está lá nenhuma), mas sim “liberalizar” o aborto.

Quanto à sua segunda questão, é um facto que no decorrer de uma violação surge um ser que nada tem a ver com as condutas que lhe deram origem, inocente e, em princípio, saudável. Simplesmente, é de ponderar, do ponto de vista jurídico, a possibilidade de ter em conta a ausência da autodeterminação da mulher nesse caso, o que, estando longe o consenso, se pode discutir. Contudo, esse caso já constitui o presente quadro legal, e não se trata aqui de altera-lo no sentido da opinião de quem é contra o aborto. Pretende-se, sim, alterar a Lei no sentido de lhe dar maior permissividade, no sentido de liberalizar o aborto. O NÃO (que não é uniforme), estando ou não pela actual Lei, está simplesmente contra o sentido proposto para esta alteração e é apenas sobre isso que estamos a ser chamados a discutir. Entende?

sábado, 20 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Relativamente ao que diz serem preconceitos, eu chamo-lhes constatações que estão à vista de todos e a contradição daqueles que afirmando defender a vida apoiam guerras e promovem a cultura do medo e do terror.
Depois, a escolha pelo sim ou pelo não dependem claramente, a meu ver, de uma concepção global da sociedade, do papel da mulher nessa sociedade e da sua emancipação social.
E, portanto, dependerá dos modelos económicos e sociais que se defendem para o País.
Tornar esta questão estéril e sem consequências sociais é um artifício de quem está interessado em mistificar esta discussão.

«despenalize a mulher e penalize severamente e efectivamente o executante técnico do aborto e eu votarei SIM. Que me diz?»
Repare bem na sua proposta, na profunda hipocrisia que ela transporta, no desrespeito absoluto pela saúde da mulher e na vontade de aumentar o carácter clandestino da IVG e da forma como ela é feita. É dizer que a mulher não pratica um crime, mas tem de praticar o facto na mais absoluta ilegalidade, sem condições de higiene e segurança, colocando em risco a sua vida.
Digo-lhe que essa proposta constitui um verdadeiro absurdo.

A prioridade do SIM não é tirar ninguém da prisão, mas é acabar com condenações e perseguições judiciais, é permitir que o aborto seja feito em condições de higiene e segurança.

Relativamente à questão da violação, fiquei esclarecido: a contradição existe, é profunda e incomodativa.

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Caro Duarte:

Aquilo a que chama de “constatações à vista de todos”, repito, não passam de preconceitos seus, ideias formadas por quem cede ao facilitismo de dividir os homens entre “bons” e “maus”. Quer um bom exemplo? O liberal ultra pró-americano Vasco Rato encontra-se actualmente a desenvolver campanha pelo “SIM” ao lado de bloquistas! Veja lá bem! Você previa tal coisa?

“Desrespeito absoluto pela saúde da mulher”??!? Como assim? A mulher coloca a sua saúde em perigo livremente, ninguém a obriga a fazer um aborto. É proibido, não se faz legalmente exceptuando as situações previstas na Lei. Ponto.

“Vontade de aumentar o carácter clandestino da IVG”?!?!? Volto a não o entender… Dar caça aos assassinos e mete-los atrás das grades, só tenderá a fazer baixar o aborto clandestino.

“É dizer que a mulher não pratica um crime, mas tem de praticar o facto na mais absoluta ilegalidade, sem condições de higiene e segurança, colocando em risco a sua vida.”

Pois, você parte do princípio que a mulher “tenha” que abortar. Mas tem porquê? Nada a obriga, logo, nem tem de provocar ilegalidades, nem tem de se expor à falta de higiene. O que há de complicado de entender nisto? “Ter de abortar”, é quando se está em perigo de vida, será eventualmente quando o feto tem problemas de formação ou quando ocorre violação. Isso sim é “ter de”, e a Lei respeita-o. Mas o que se pretende com este referendo é deixar de se “ter de” para responder aos casos do “achar melhor que”. Entende? É diferente. É criminoso.

“Digo-lhe que essa proposta constitui um verdadeiro absurdo.”

É “absurdo” porque para si o feto vale nada, e daí vêm todas as suas outras “razões”.

Se “a prioridade do SIM não é tirar ninguém da prisão”, como diz, era bom que o “SIM” parasse de deitar areia para os olhos dos eleitores, e acabar com a conversa da “prisão”.

Diz você: “Acabar com condenações e perseguições judiciais”. Acho muito bem, repito, julguem os médicos que executam o aborto, porque ele continua a ser crime e a ter de ser perseguido para ser evitado.

Diz você: “permitir que o aborto seja feito em condições de higiene e segurança”. Respondo, já o é, nos casos justos, legais, conscientes e lógicos. Tudo o resto é crime e arbitrariedade.

Quanto à questão da violação, não é “contradição” nenhuma, é uma questão de opinião pessoal e de ponderação serena. Sabe, caro Diogo, só para os defensores do “SIM” é que esta é uma discussão básica de “Sim/Não”, sem quaisquer dificuldades. Quando se coloca a questão entre a continuação do desenvolvimento de uma simples massa biológica, qual vírus mortal, e o “bem-estar” (entenda-se desresponsabilização e conforto) da mulher, de facto tudo parece simples. Para quê obrigar e “sacrificar” uma mulher por causa de algo que “não existe”?!?!

O problema, caro Duarte, é que tudo isso é falso… Não existe apenas “massa biológica” e uma gravidez não é nenhum “vírus mortal”, logo, há muito mais a ponderar aqui.

Quanto a violação, este é o único caso em que a mulher engravida por um acto que lhe é completamente alheio, e, como tal, há uma escolha que lhe deverá ser dada. A Lei sabe muito bem que, para além do feto, existe uma mulher, cujos interesses deverão ser acautelados. Ora, quando uma mulher engravida porque falhou a contracepção ou não a estava a usar, a Lei supõe que ela se expôs livremente à possibilidade de engravidar, logo, a Lei demite-se das consequências dessa liberdade (ou seja, não prevê apoio para abortos). Caso ela engravida por violação, a mesma Lei verifica que ela é alheia ao facto e aí, a sua vida deverá ser equiparada a do feto, dando-lhe a escolha. Isto é bastante simples.

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  

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