janeiro 15, 2007

Fraude.



Já por aí se vê este cartaz, lançado pelo PS. Eles simplesmente não podem sofrer uma tal derrota política. E estão dispostos a tudo!

No decorrer desta campanha enganosa ("prisão"?!? Mas prisão de quem?), o grupo "Independentes Pelo Não" dirigiu uma carta ao ministro da Justiça, Alberto Costa, pedindo os dados oficiais sobre actos jurídicos decorrentes do aborto clandestino.

A resposta do ministro deixa clara a fraude que constitui o recente cartaz do partido do governo.

Aqui ficam as conclusões de mais este engano.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esses cartazes do PS não têm a mínima coerência. Contra a abstenção vota-se sim? O NÃO é abstenção?

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Blogger Cruxe said...

O grande problema é que todos os cartazes (quer do sim, quer do não) são incoerentes e cada um puxa a brasa à sua sardinha.

Primeiro quero dizer que sou contra o aborto. Nunca colocaria essa hipotese, excepto em casos ja previstos pela lei. Mas, sobretudo, sou contra a actual lei.

Agpra a incoerência, podemos falar na de 3 dos cartazes da plataforma Não, Obrigada.

1.Abortar por opção sabendo que já bate um coração?
Ora bem, em caso de violação é legal e também já bate um coração. É por a mulher ter sido violada que já não há "problema"? E quantas mulheres não são "violadas" pelo próprio marido? E violentadas e depois sofre uma mulher e uma criança.

2.Contribuir com os meus impostos para financiar clinicas de aborto?
Neste momento os meus impostos servem para financiar o tratamento de mulheres que fizeram aborto ilegal e ficam com mazelas para toda a vida.

3. Abortar a pedido e passar o resto da vida a pedir que não tivesse acontecido?
Tal como acontece agora a muitas que vêem-se sem qualquer outra solução e sem acompanhamento.
Com a mudança da lei os médicos deverão apoiar e aconselhar a mulher.
O estado, ao financiar o aborto, não estará interessado que se façam muitos abortos, e deverá apoiar mais as mulheres.

Mas, acima de tudo, acho que se deveria mudar a lei para se controlar os abortos que se fazem, pois neste momento diz-se que são efectuados X abortos por ano quando, juntando os ilegais, o valor duplicaria ou triplicaria.

quarta-feira, 17 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Caro Cruxe, vamos então aos cartazes que critica:

1. Começo por lhe lembrar que para todos, incluindo os do NÃO, não está agora em causa uma qualquer proposta para restringir o aborto. Pelo contrário, discute-se a liberalização do mesmo. Logo, os casos de violação, já contemplados na actual Lei, não tomam parte na actual discussão. Falar em violações é tentar desviar o assunto. Entende isto?

2. Com “mazelas para toda a vida” ficam aquelas que se enganaram ou foram enganadas, ao ser-lhes mostrado o aborto como “a solução”. De qualquer maneira, os seus impostos irão, decerto, em bem maior e crescente dimensão para o aborto, ao serem aprovadas as intervenções financiadas pelo Estado. O esforço financeiro deverá antes ser feito no combate às causas de parte desses abortos clandestinos (aqueles por razões económicas) e na protecção daquelas que querem prosseguir com a gravidez em segurança.

3. Este slogan é contra qualquer aborto, clandestino ou não. Logo, supõe que toda a mulher que aborte venha a sofrer algum tipo de arrependimento ou mesmo depressão. De resto, caro Cruxe, clandestinamente ou não, elas continuarão sempre “sem qualquer outra solução”, porque a sociedade não lhes facilita a maternidade e agora até lhes quer dar o aborto como única solução para as dificuldades e medos!

Com a mudança da Lei, os médicos continuarão a fazer o que até agora fazem, ou seja, a disponibilizar-se para “apoiar e aconselhar a mulher”, contudo, dificilmente será no sentido da morte, mas antes no do planeamento, no da observação de um correcto comportamento sexual, no encaminhamento para associações de apoio à maternidade, etc.

O Estado pode não estar “interessado que se façam muitos abortos”, como diz, contudo, lembre-se que não estará nas mãos do Estado a gestão dos comportamentos da população e que, depois de aprovada a Lei, resta-lhe responder aos pedidos. Ora, despenalizar é DESCULPABILIZAR, logo, face ao alívio moral e à promessa de financiamento e acompanhamento médico, haverá uma óbvia e crescente procura desse serviço.

Finalmente, diz você:
“sou contra o aborto. Nunca colocaria essa hipótese, excepto em casos já previstos pela lei.”

É contra porquê? Pode-se saber?

sábado, 20 janeiro, 2007  
Blogger Cruxe said...

Respondendo:

1. Sei que para casos de violação a lei actual já contempla o aborto. Mas, nesse caso também já bate um coração e parte da mulher a opção de abortar, ou não. Quem não concorda com o facto de se abortar, sabendo que já bate um coração, deveria forçar a lei a mudar em casos de violação também. Daí achar que é incoerente.

2. A maioria das mulheres, quando vão fazer um aborto, não vão de animo leve. Sabem que lhes vai custar e sabem que vão ficar com esse peso durante toda a vida, mas tal como diz não têm qualquer outra "solução", porque o estado não lhes dá a solução. Eu tenho 3 filhos e sei bem o que custa criá-los e sei bem o apoio que o estado (não) me dá para os sustentar. Por isso, sei bem o quanto desamparadas essas mulheres se podem sentir e o que as faz acharem que não têm outra opção.

"O esforço financeiro deverá antes ser feito no combate às causas de parte desses abortos clandestinos (aqueles por razões económicas) e na protecção daquelas que querem prosseguir com a gravidez em segurança."
Eu concordo com isso, mas também concordo que se a mulher, depois de aconselhada, depois de se esgotarem todas as opções, possa optar se quer prosseguir com a gravidez ou não. E aí o estado deverá continuar a apoiar.

3. "Este slogan é contra qualquer aborto, clandestino ou não. Logo, supõe que toda a mulher que aborte venha a sofrer algum tipo de arrependimento ou mesmo depressão."

Sim, e o que é que isso tem a ver com o referendo??? É aí que entra a confusão.
Isso tem a ver com a convicção de cada um. Tem a ver com a ideia pessoal de se seria capaz de fazer um aborto ou não. Não é por eu votar sim ou não que vou passarei a ter ou deixarei de ter a consciencia pesada. Isso cabe a quem opta por fazer um aborto ou não. E são essas pessoas que têm que ponderar bem, com a actual lei ou com a que possa vir a ser aprovada. Cabe a cada um decidir se querem ou não ter a consciencia pesada. Não me cabe a mim votar não apenas porque não quero que fulana-de-tal tenha a consciencia pesada.

Quer ganhe o sim, quer ganhe o não, continuarão a haver esses problemas. E, mantendo-se a actual lei, continuarão a NÃO ser acompanhadas. O contrário não acontece se a lei for alterada.

"Com a mudança da Lei, os médicos continuarão a fazer o que até agora fazem, ou seja, a disponibilizar-se para “apoiar e aconselhar a mulher”, contudo, dificilmente será no sentido da morte, mas antes no do planeamento, no da observação de um correcto comportamento sexual, no encaminhamento para associações de apoio à maternidade, etc."
O problema é que para muita gente isso não está a resultar. É tal como dizer que hoje em dia só engravida quem quer. Não é bem assim. Ainda (infelizmente) há muita falta de informação.

"Ora, despenalizar é DESCULPABILIZAR, logo, face ao alívio moral e à promessa de financiamento e acompanhamento médico, haverá uma óbvia e crescente procura desse serviço."
Ok, agora é permitido abortar, 'bora lá todos fazer um aborto... lamento, mas não penso assim. Penso que existirão alguns casos que assim seja, tal como penso que existirão casos que, após o aconselhamento, mudarão de ideias.
Não se esqueça que hoje em dia, quando se coloca a hipótese de aborto, não se procura um médico. Procura-se uma parteira. O aborto é ilegal, logo não é coisa que se fale, muito menos com médicos.

"Finalmente, diz você:
“sou contra o aborto. Nunca colocaria essa hipótese, excepto em casos já previstos pela lei.”
É contra porquê? Pode-se saber?"

Sou contra o aborto como método contraceptivo. Não foi por a minha mulher ter engravidado do meu 3º filho que colocámos essa hipótese. E sabemos bem o que custa criar mais um filho. Mas não consigo julgar quem opta por fazer um aborto, tal como não consigo julgar quem comete suicídio ou quem pede a eutanásia.

Espero ter contribuido positivamente para o debate, porque a debater é que a gente se entende e infelizmente as campanhas (principalmente quando se junta a igreja) servem mais para desinformar do que para informar.

Cumprimentos

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  
Blogger Cruxe said...

E, já agora, quero acrescentar uma coisa que tem apenas a ver com a campanha.

Quando há campanha eleitoral, existem x partidos e cada partido faz uma campanha. Não se vêem 2 ou 3 campanhas para o mesmo partido.

Na minha opinião deveriam existir duas campanhas: SIM e NÃO.

Os partidos políticos deveriam fazer campanha apenas contra a abstenção sem tomar qualquer posição.

E este cartaz do PS, por exemplo, é um absurdo, precisamente por presumir que quem não se abstem vota sim.

Deveriam se focar mais em salientar a importancia da nossa participação neste assunto do que propriamente no resultado.

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

1. Caro Cruxe, essa “coerência” que exige ao “NÃO”, apenas se poderia cumprir caso estivéssemos em 1984, a discutir a Lei das excepções. Aí se poderia então defender que o feto é intocável. Neste momento, e tendo em conta que o que está em discussão é outra coisa, coerência é lutar para que a Lei não degrade ainda mais a protecção da vida intra-uterina. Apenas isto. Mas, já que insiste, dou-lhe a minha opinião pessoal (já que o “NÃO” não é, nem tem de ser, uniforme). A violação é o único acto que pode levar a uma gravidez com total alheamento da vontade da mulher. Cria-se um problema ético, que nos obriga a equiparar a protecção do feto à dignidade, e, em último caso, à sanidade mental da mulher. Pessoalmente, eu não encorajaria uma mulher nestas condições a abortar, mas jamais a condenaria uma sua convicção em fazê-lo. É um caso brutalmente excepcional. Aqui, há dois corações a bater, e ambos são inocentes.

2. Lá vem a conversa do “ânimo leve”… Caro Cruxe, a esmagadora maioria das mulheres sabe (acha, crê) só que “tem de ser”, que “é o melhor”, a “única opção”. Sabe que vai ter de pagar um balúrdio e sabe que não quer que se saiba. Pouco mais saberá, porque essas são as suas grandes preocupações no momento. O resto vem só depois. Não sabe o que tem “lá dentro”, nem como acontecerá, ou o que sairá de si, ou as consequências posteriores da operação. Tudo surge como uma desagradável surpresa, depois, ou não haveriam tanto tantos testemunhos e arrependimentos.
Felicito-o pela coragem de assumir 3 filhos. Aí tem as grandes 3 razões da sua vida para exigir ao Estado uma política para a Família. No âmbito fiscal, educativo, no acesso à saúde, à cultura, aos transportes, etc. É a orientação do Estado que está mal e não a Lei ou a ciência.

“se a mulher, depois de aconselhada, depois de se esgotarem todas as opções, possa optar se quer prosseguir com a gravidez ou não. E aí o estado deverá continuar a apoiar.”
O Estado tem um Sistema Nacional de Saúde para cuidar da Saúde dos portugueses doentes, e tem uma Assistência Social para cuidar de problemas sociais. Uma gravidez saudável poderá inserir-se no segundo caso, mas nunca no primeiro.

3. Já percebi o seu ponto de vista. Entenda o slogan como dirigido essencialmente para as mulheres, potenciais mães que poderão não estar ao corrente de toda a dimensão do pós-operatório. Se o slogan as levar a questionar essas consequências e a informarem-se sobre isso, saberão proteger-se e talvez contribuir para que haja uma Lei que tenda a protege-las a todas, especialmente as menos informadas. A Lei tem uma função protectora, como saberá. A Lei que nos protege proibindo a venda de anti-depressivos sem receita médica, é a mesma que nos protege, por enquanto, proibindo o aborto livre.

”O problema é que para muita gente isso não está a resultar. É tal como dizer que hoje em dia só engravida quem quer. Não é bem assim. Ainda (infelizmente) há muita falta de informação.”

Amigo Cruxe, que não seja a “falta de informação” a justificar a desistência e a demissão do Estado de informar. Mais fácil será legalizar o aborto e pronto, “não sabem, abortem!”; “correu mal? Abortem!”; “Querem ajuda para ter a criança? O Estado não tem dinheiro nem estruturas para isso. Abortem!” Está a ver Cruxe? Esta será a resposta do Estado de hoje em diante. De resto, olhe que não há “falta de informação”. Nunca houve, neste país, gerações tão bem e precocemente informadas como as dos nossos jovens. Eles ensinam pais e avós! O que há é desresponsabilização, imaturidade, confiança a mais, falta de respeito e ausência de valores e de autodisciplina. É daí que vem o sexo desprotegido e a gravidez adolescente, por exemplo.

“Ok, agora é permitido abortar, 'bora lá todos fazer um aborto... lamento, mas não penso assim.”

Não pensa assim, faz mal. Naturalmente que ninguém abortará por desporto, mas creia-me quando lhe digo que enquanto a Lei dificultar ainda mais essa escolha…ela será mais rara do que quando tolerada ou mesmo abençoada por aquela. A reprovação social tem muito que se lhe diga sabe? Desde o momento em que o “SIM” vença e haja um suspiro de alívio público por parte de muitos responsáveis deste país, haverá como que uma catarse desculpabilizadora do aborto. Passará a ser encarado como uma coisa aceitável, para além de possível. Ora, isto, junto de gente incipiente e imatura, levará a tristes e dolorosas experiências que marcarão para toda a vida… Pense numa relação episódica entre dois jovens curiosos entre si. Hoje, ainda há o papão do aborto, com o “SIM”, esse papão transformar-se-á no derradeiro consolo, no derradeiro contraceptivo.

Caro Cruxe, não meta a eutanásia nisto que essa age sobre alguém lúcido, presente, com voz própria. Ora, a mulher não se está a abortar a si, mas a outro ser, autónomo dela. Não está apenas a decidir sobre a sua vida.

O facto de não concordar com o aborto “como método contraceptivo”, não deverá demiti-lo de compreender que há quem desconheça as razões que o levam, a si, a entender tal coisa. Há quem não saiba do que se trata, do que envolve e implica. Volto a recordar os dois jovens inexperientes e curiosos entre si. Acredita que o clima será estragado pela ausência de um preservativo ou de uma pílula mal tomada, havendo a última possibilidade do aborto livre e descomprometido? Este factor psicológico é para mim essencial nesta matéria. O efeito dissuasor é precioso em questões de saúde pública.

Grato pela sua participação. Disponha.

sábado, 27 janeiro, 2007  

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