janeiro 06, 2007

5 - (IVG) Ouvir os Médicos.



Segue a actual versão do “Juramento de Hipócrates”, proferida a cada ano pelos novos médicos saídos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (de onde se extraiu o texto):

"Ao ser admitido como membro da profissão médica, juro solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Guardarei o respeito e o reconhecimento que são devidos aos meus mestres.
Considerarei a saúde do meu doente como meu primeiro cuidado.
Respeitarei o segredo que me for confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
Os meus colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, política ou condição social se entreponham entre o meu dever e o meu doente.
Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início, mesmo sob ameaça.
Não farei uso dos meus conhecimentos contra as leis da humanidade.
Faço este juramento solenemente, livremente e pela minha honra
."

Trata-se de um texto com a origem longínqua de 2500 anos, retomado e proclamado na modernidade, a bem de uma ética a cumprir por quantos lidem com a Vida. Aprovado na Declaração de Genebra pela Organização Mundial de Saúde, em 1948, manteve-se actual e presente entre os investigadores e profissionais da chamada “medicina convencional”.

No passado programa “Prós e Contras” sobre o aborto, o actual bastonário da Ordem dos Médicos era questionado sobre a actualidade do juramento, ao que prontamente respondeu que sim. Mais, confrontado com a pretensão da despenalização do aborto, o bastonário explicou as suas reticências sobre a ordem de prioridades e preferências do governo. “O esforço financeiro, a fazer, deve ser feito para evitar os abortos, junto dos métodos de contracepção” O bastonário não compreende que o ministro venha preparar e anunciar publicamente a comparticipação total do Estado junto de clínicas privadas espanholas que já anunciaram a sua vinda, quando não pôs a mesma disponibilidade para financiar os diversos métodos de contracepção, todos pagos actualmente.

O aborto é algo profundamente negativo a evitar a qualquer custo”, conclui.

Deixou ainda claro que a maioria dos profissionais de saúde em Portugal se lhe opõe e pretende evocar a “Objecção de Consciência”, consagrada pela Lei.

Ora, quando os médicos, em bloco, rejeitam este tipo de prática, enumerando razões diversas, a começar pela subversão do propósito primeiro da medicina, que é salvar vidas, eu só posso ser contra. São eles os conhecedores e investigadores do corpo humano, são eles que entendem até que ponto podem ou devem agir sobre a Vida. Melhor do que ninguém, o médico tem a noção de que, podendo tão facilmente perder uma vida, não tem a capacidade para a restituir. Ele conhece a fina fronteira que separa a plena existência da mais irreparável ausência. E é este facto que o leva a um respeito quase religioso pela Vida. É compreensível.

Não é qualquer ser-humano que se dispõe a usar dos seus conhecimentos para fazer cessar uma vida, especialmente quando ela não expressa uma vontade e é refém da vontade de outros. Um médico sabe como se faz um aborto, ele sabe o que tem de provocar, ele sabe o que traz cá para fora… Ele sabe e vê aquilo que mais ninguém sabe ou sequer terá de ver.

Não se pode pedir aos médicos que sejam afectuosos, sensíveis e zeladores dos seus pacientes, e ao mesmo tempo esperar deles a frieza e a coragem para pura e simplesmente eliminar uma vida.

Na perspectiva da medicina, os seus meios servem para restabelecer o normal funcionamento do corpo. O aborto significa o contrário, ou seja, a corrupção de um processo natural e que é consequência do único acto que lhe pode dar origem, o sexo. Ora, quando queremos fazer do aborto uma espécie de terapia, uma “cura”, uma mera operação médica, esquecemo-nos que algo distingue um feto de um cancro ou de uma hérnia discal. E se estes dois últimos são, sem dúvida, lixo biológico, causado pelo anormal funcionamento do corpo (por aquilo a que se pode, de facto, apelidar de “acidente”), já o primeiro é a simples e natural consequência do normal funcionamento do organismo humano.

É esta espécie de equiparação que os médicos não aceitam e o ministro não entende, procurando pressiona-los a acatar as decisões políticas.


Deixo aqui , novamente, as imagens de um aborto feito entre as 10 e as 11 semanas.Sublinho vivamente que não o vejam as pessoas mais sensíveis.