janeiro 11, 2007

Verdades inconvenientes...



Hoje, o "Jornal da Noite" da TVI abriu com o anúncio:

"O «sim» venceria o referendo sobre o aborto, se a consulta se realizasse hoje. É o que indica uma sondagem realizada pela Intercampus para a TVI, jornal «O Público» e Rádio Clube. O «sim» vencia com 67% dos votos e o «não» teria apenas 33%."

Eis o resto dos números apurados:

Aborto em caso de violação, risco de vida para a mãe ou grave deficiência do feto:
Sim - 83% Não - 17%

Aborto em caso de risco para a saúde física da mãe:
Sim - 79% Não - 21%

Aborto em caso de risco para a saúde psíquica da mãe:
Sim - 72 % Não - 28%

Aborto caso a família não disponha de meios de sustento:
Sim - 49% Não - 40%

Aborto caso a mãe não deseje ter o filho:
Sim - 43% Não - 45%
___________________________________

Analisando estes 5 resultados, começamos por verificar que os três primeiros vão ao encontro de uma total identificação popular com a actual Lei.

Se analisarmos o 4º resultado, verificamos ser muito ténue a diferença entre o número de portugueses que aceita ou não uma despenalização por razões económicas graves. Partamos, pois, do princípio lógico de que, caso o Estado honrasse os seus compromissos e facilitasse a vida às famílias numerosas e/ou carenciadas (nomeadamente aliviando-lhes a carga fiscal), este problema fosse significativamente atenuado, alterando esta curta diferença numérica.

Mas quando analisamos o 5º resultado...aí, entendemos que os portugueses são contra a Lei que a despenalização lhes trará. Simplesmente, não foram ainda suficientemente esclarecidos para entender que estão a ser enganados pelo "SIM".

Tendo em conta que as mulheres podiam ser "retiradas da prisão" (como se alguma vez lá tivessem entrado!) pedindo-se a penalização exclusiva do técnico que procede ao aborto, ilibando-as a elas, só encontramos uma razão para o "SIM" exigir uma despenalização total: pretende-se, na verdade, que o aborto tome parte do programa de planeamento familiar, como se do derradeiro contraceptivo se tratasse.

Simplesmente, esta sondagem (que não passa disso mesmo, e, creio até que os valores reais sejam bem mais equilibrados) vem mostrar-nos que os portugueses rejeitam esta postura face ao aborto. Não querem que uma mulher possa abortar arbitrariamente.


Caros amigos, há uma mentira para desfazer.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Em matéria de IVG não existe só uma mentira para desfazer, existem várias.
E existem várias mentiras de um lado e do outro.
Do lado do SIM e do lado do NÃO existem pessoas interessadas em mentir e fazer da mentira uma arma política.
Pendido desculpas pela indelicadeza deste meu comentário, penso que no seu blog nem sempre se conseguiu afastar dos discursos sensacionalistas e demagógicos que têm marcado esta discussão.
É pena, mas são cada vez menos aqueles que têm a capacidade de discutir este assunto sem cair no absurdo.
Um defensor do SIM que diz que a vitória do SIM acabará com o aborto clandestino.
Ou um defensor do NÃO que diz não concordar com a prisão das mulheres que recorreram ao aborto, ou que está de acordo com a excepção existente na actual lei em caso de violação, quando na realidade acredita que está a acabar com uma vida.
São exemplos de argumentos puramente demagógicos.

Começo a estar extremamente cansado de ouvir tanta estupidez.

sexta-feira, 12 janeiro, 2007  
Blogger Ka said...

Bom dia,

Existem de facto muitas mentiras para desmentir mas considero que mais importante do que a guerra de quem tem razão é levarmos a que as pessoas reflictam sériamente sobre o assunto.
Sou Contra a liberalização do aborto pois acredito que não podemos dispôr da vida humana como bem queremos.

Uma das perspectivas que passa ao lado da reflexão da maior parte das pessoas é o facto de a liberalização vir a desproteger as mulheres, ao contrário do que é defendido. Dou como exemplo uma rapariga de uma família carênciada que tenha ficado grávida do namorado mas que queira ter o filho. Em grande parte dos casos terá a sua família a pressioná-la para abortar visto não poderem alimentar mais uma boca. Ela estará mais desprotegida pois não terá a lei do seu lado, impedindo a realização do aborto.

sexta-feira, 12 janeiro, 2007  
Blogger fernando alves said...

Outra das mentiras que devemos combater é esse mito das mulheres que são presas. Toda a gente sabe que há 30 anos que ninguém vai preso por abortar em Portugal. E toda a gente sabe que, caso a lei seja aprovada, teremos que prender mulheres que abortam às 10 semanas e 1 dia.

O "Não" não é hipócrita. É coerente. É contra o apoio e exige medidas de apoio às mães e às crianças. O "sim" pensa que o aborto é uma solução mágica.

sexta-feira, 12 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Nunca a lei protege ou desprotege tanto as mulheres (ou os homens) como a capacidade que as pessoas têm para atirar sempre as culpas de tudo para os outros. Posso dizer que eu, tivesse a idade que tivesse e fossem quais fossem os meus motivos, sempre me regi pela minha e apenas pela minha cabeça. O argumento de que as mulheres são forçadas a abortar é falacioso. As mulheres abortam porque querem. Porque desistem. Porque não têm a força necessária para assumirem as consequências dos seus actos. Não é a família, o emprego, os amigos ou qualquer outra entidade que manda na maternidade de quem quer que seja. Era o que me faltava que a família viesse pressionar-me para o que quer que seja! Por outro lado, é mentira dizer que as mulheres abortam por problemas económicos. Sabe-se que a maioria das mulheres que abortou tinha condições para suportar essa despesa e a da criação do filho. Também se sabe que há muitas famílias extremamente pobres que se desdobram em esforços para cuidar dos seus filhos e dar-lhes uma vida minimamente decente, enquanto há famílias ricas que desdenham da descendência, quer a matem no ventre, quer a deixem ver a luz do dia.

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Caro Rui:
Pedia, para começar, que apontasse os momentos em que cedi a um qualquer “discurso sensacionalista e demagógico”… Poderei retratar-me ou explicar-me melhor.

Quanto aos exemplos que dá de “demagogia” vinda do lado do NÃO, e, eventualmente deste blog, queria, quanto ao primeiro, lembrar que já aqui tenho defendido uma alteração da Lei no sentido de despenalizar apenas a grávida, no entanto, agravando e tornando efectiva a pena face ao executante técnico do aborto. Quanto ao segundo exemplo que dá, é um facto que no decorrer de uma violação, surge um ser que nada tem a ver com as condutas que lhe deram origem, inocente e, em princípio, saudável. Simplesmente, é de ponderar, do ponto de vista jurídico, a possibilidade de ter em conta a ausência da autodeterminação da mulher nesse caso, o que, estando longe o consenso, se pode discutir. Contudo, esse caso já constitui o presente quadro legal, e não se trata aqui de altera-lo no sentido de quem é contra o aborto. Pretende-se, sim, alterar a Lei no sentido de lhe dar maior permissividade, no sentido de liberalizar o aborto. O NÃO, não está pela actual Lei, está simplesmente contra o sentido proposto para esta alteração e é apenas sobre isso que estamos a ser chamados a discutir. Entende?

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  

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