janeiro 23, 2007

6 - (IVG) Ouvir as Mulheres I



Porque se aborta em Portugal?

Há quem assegure que as mulheres não o fazem de ânimo leve, que pesam bem as consequências. Dizem que o fazem em consciência e com responsabilidade, mas ao mesmo tempo falando em estados de sofrimento extremo, sendo que, por tudo isto, acabam tendo um comportamento "heróico", que alguns entendem como um acto de amor para com o feto abortado.

Alegam-se, sistematicamente, graves problemas económicos e sociais na origem do aborto clandestino. Ou seja, uma das grandes motivações que parte do "SIM", é uma atenção especial a ter para com as mulheres/famílias que não têm condições para suportar mais um filho.

Vamos então "ouvir" as mulheres, e procurar conhecer as reais motivações por detrás do aborto clandestino. A seguir, apresentam-se dois estudos levados a cabo por defensores do "SIM". O primeiro, feito pelo "SIM" de 1997, o segundo, pelo "SIM" de 2006/07, ambos às portas de referendos para a despenalização da IVG:
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a) Estudo elaborado por Teresa Tomé (Contributo para o estudo da epidemiologia da IVG, Coimbra, pág.29, 1997). Para mais dados e interpretações deste estudo, consultar aqui.

Motivo do aborto, em percentagem.

1. Não querer mais filhos: 40,3 %
2. Não querer filhos para já: 14,3 %
3. Ser muito nova: 11,4 %
4. Problemas de saúde: 7,0 %
5. O curso está primeiro: 6,7 %
6. Problemas sociais: 6,0 %
7. Problemas familiares: 4,8 %
8. Problemas económicos: 4,4 %
9. Não querer ter filhos: 2,0 %
10. Outros motivos: 3,2 %

("O mesmo estudo conclui que a esmagadora maioria das mulheres "abortaram independentemente da sua situação profissional, do seu nível sócio-económico, das suas habilitações e até mesmo com fontes de informação próximas ou serviços [de planeamento familiar] disponíveis (p.45, conclusão 2) " )
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b) Estudo apresentado pela Associação para o Planeamento Familiar (APF). Para mais dados e interpretações deste estudo, consultar aqui.

Motivo do aborto, em percentagem. (2000 entrevistas):

1. Era muito jovem: 17,8%
2. As condições económicas não o permitiam: 14,1%
3. Por não desejar ter filhos: 13,2%
4. Tinha tido um filho à pouco tempo: 10,4%
5. Companheiro rejeitou gravidez: 9,4%
6. Instabilidade conjugal:9,1%
7. Pressões familiares: 8%
8. Problemas de saúde: 4,2%
9. Malformações do feto: 3,3%
10. Já não tinha idade para ter filhos: 2,6%
11. Outro motivo: 8,1%

("Também aqui se apresentam outros dados adicionais, nomeadamente que o chamado "aborto de vão de escada" é uma raridade no actual panorama da clandestinidade, que o aborto vem diminuindo, ou que a grande maioria dos abortos advêm de relações desprotegidas. " )
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Como se pode verificar, em ambos os casos é notória a pouca preponderância dos motivos sócio-económicos, como origem do aborto clandestino. No estudo de 97, estes assumem apenas 4,4%, já no de 2006 verifica-se um aumento para 14,01%.

Por outro lado, e de uma vez por todas, fica claro que a grande maioria destas mulheres assume, como motivação, meros critérios de preferência, prioridade e conveniência.

Em suma, é necessário entender, que uma eventual alteração da Lei virá essencialmente favorecer este tipo de disposição, ou seja, a desresponsabilização e um livre arbítrio, que não age apenas sobre o corpo da mulher.

Por fim, assuma-se que uma condigna atenção do Estado perante estas carências económicas, possa atenuar este desespero desorientador. E porquê "desorientador"? Porque segundo uma outra sondagem, esta apresentada pelo "NÃO" (1880 entrevistas), 76% das inquiridas respondeu que "se estivesse grávida e atravessasse um momento de dificuldade ou dúvida sobre a sua gravidez ou maternidade, desejaria ser ajudada e apoiada a manter a gravidez e poder ter o bebé":

14 Comments:

Blogger Ka said...

Sabe qual é o maior problema?
É que a maior parte das pessoas nãao tem a mínima ideia do que é passar por um borto, não tem ideia que um aborto tem consequências físicas e psicológicas.

Além disso neste país se a liberalização do aborto fôr aprovada, o aborto será (ainda mais) encarado como um meio contraceptivo.

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Há pouco tempo ouvi dizer - não sei se é verdade - que nalgumas clínicas de aborto (no caso era num país do Norte da Europa)retiram orgãos aos fetos abortados que já têm um certo tempo de gestação para comercializar. Será verdade? O resto nem consigo contar... até parece diabólico...
Também será por isso que há tanto interesse por alguns em que o aborto seja legalizado?

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Duvido que as intenções por cá sejam tão escabrosas, mas acredito perfeitamente que isso ocorra noutros locais.

Afinal de contas, quando é a própria Lei e a sociedade a relativizar a identidade humana do feto...porque não pegar nessa "matéria prima" e dispor dela livremente?

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Blogger  said...

eu voto NÃO

quarta-feira, 24 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Eu estou grávida de seis meses e voto Não. O problema disto é a barriga de uma mulher grávida não ser transparente.

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Ora aí está...! E é por isso que eles se recusam a abordar as imagens in utero, e fazem um escandalo quando confrontados com as imagens/resultados das suas aspirações jurídicas(imagens de fetos abortados).

Longe da vista, longe do coração.

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

quando me deparo com este tipo de analises fico estupfacta por nao encontrar em qualquer um fundamento ou qualquer espelho de verdade! em qual das sondagens devo acreditar visto que sao contraditorias?!
fico triste por ver que a sensibilidade humana apenas se demonstra quando em causa esta a suposta moral que todos achamos que temos e acabamos por viver numa hipocrisia em que as coisas acontecem pelo pior (como o caso dos abortos em vãos de escadas) quando se ao menos fosse legal poderia ser controlado todo o procedimento quer fosse por motivos futeis ou nao! admira-me como e que o sensacionalismo chega tao baixo a ponto de nao deixar as pessoas perceberem que ha valores mais altos que se levantam! na verdade espero quedia 11 corrijam o mal que está feito ate hj. sou jurista por profissão e posso assegurar que tenho uma consciencia etica valoravel muito maior do que qualquer um que frequente a missa todos os dias e que acredita que esse é o modo como uma sociedade se regenera... enquanto batem no peito e dizem minha culpa sem qualquer consciencia das palavras que lhes sai pela boca,viram costas agem em moldes distintos dakeles que defenderam das portas para dentro! isto tem um nome: hipocrisia!!
é por essa hipocrisia que muitas mulheres e familias acabam por sofrer a questao do aborto...
será normal que a intenção de alguem constituir familia ou nao é crime?! será normal e preferivel abandonar crianças?! será preferivel trazer um ser ao mundo que nao é desejado?! se calhar esse é o problema de muitas pessoas que sao pelo nao... enquanto sao capazes de se manifestar pelo nao na questao do aborto, defendem valores completamente inversos quando pedem a pena de morte para outros... afinal é o mm bem que está no centro da questao: a vida! peço desculpa pelo testamento... mas ainda assim o acho pequeno para defender esta ideia que considero elavada demais para algumas mentes.

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

ó Sr. jurista, mas porque é que não fala dos direitos dos que são abortados? Sabe porque é que não fala? Porque o Sr. acha que eles não têm direitos, não são gente, não é? Mas porque é que os defensores do Sim não deixam de ser hipócritas e dizem logo que aquilo que a mulher aborta não vale mais do que um dente. Sejam honestos, não digam que o que está em causa é o aborto em vãos de escadas! Ser retrógada é ter medo de ser chamado retrógada!

sexta-feira, 26 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

"...tenho uma consciencia etica valoravel muito maior do que qualquer um que frequente a missa todos os dias..."

Só lhe falta a humildade!

sexta-feira, 26 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

o que muita gente continua sem perceber e por isso digo que é um assunto demasiado elevado para muitas mentes é q a decisao de abortar ou ter um filho nao é mais que uma escolha pessoal! alem do que continuam sem me responder se é preferivel abandonar uma criança, ou ainda ter um filho nao desejado! que felicidade daí adviria para toos ate mesmo para o filho!na altura em que o aborto se dá nao me parece que o feto sinta mais do que um bebé nascido e abandonado! abram os olhos deixem-se de sensasionalismo barato! e para responder à questao da humildade... o que lhe falta é um espelho!pelos visto a carpuça serviu-lhe perfeitamente!

sexta-feira, 26 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, para vocês aquilo não passa de um mero dente incómodo. Sinceramente, perguntar se vale mais abortar ou abandonar... Olhe, vale mais matar ou abandonar? Se acha que vale mais matar do que abandonar significa que é um jurista de valores completamente subvertidos e sem hierarquia de valores. Esta agora, vale mais abortar ou abandonar? Que pergunta ridícula. Já que é jurista também concorda com a pergunta do referendo? Ou sabe a diferença entre despenalizar e legalizar?

sexta-feira, 26 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

investiguem, leiam e pesquisem como sao feitos os abortos clandestinos!! façam isso e depois perguntem-se a voces mesmos se sou eu que tenho os meus valores subvertidos!!!exponho aqui alguns metodos:
- aspiração - o feto é despedaçado e os pedaços aspirado;
-envenenamento por sal - A injeção de líquido salgado envenena o feto que o engole.
A pele fica queimada pelo elemento cáustico.
O feto sofre mais de uma hora e morre lentamente.
- Dilatação e corte: Uma faca cirúrgica, em forma de foice,
dilacera o feto, que é
retirado em pedaços.
- A inserção de caule de planta, agulha de tricô, raio da roda de bicicleta e/ou outros objectos
- A utilização de soluções químicas ou ervas tóxicas através da ingestão ou aplicação por meio de irrigação vaginal.
- A overdose de medicamentos.
- Através de socos no abdómen ou massagens violentas no ventre; e lançando-se escada a baixo
Uma mulher em situação de desespero faz qualquer coisa para interromper a sua gravidez.
é por neste ponto que comentei o facto de abandonarem crianças a nascença! nao devem estar familiarizados com um programa de televisao que se chama telejornal nem estao em maior contacto com essa realidade do que eu com o que se encontra em varias comarcas portuguesas!
Uma mulher em situação de desespero faz qualquer coisa para interromper a sua gravidez.
Mais uma vez digo, abram os olhos...
A lei actualmente existente não previne o aborto clandestino, antes acarreta para as mulheres que optam pela interrupção voluntária da gravidez danos físicos de abortos feitos em condições clandestinas e deficientes em termos de saúde, mas também danos psicológicos agravados pela criminalização do acto praticado.
será assim taoooo dificil ver isto!?

sexta-feira, 26 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Caro anónimo(a) “jurista”:

“As sondagens são contraditórias”?!?!?!? Em que aspecto?

Diz você que “abortar não é mais que uma escolha pessoal”. Escolha pessoal é quando se opta por este ou por aquele comportamento sexual. Escolha pessoal é quando se dispõe e escolhe entre uma variada panóplia de contraceptivos. Desde o momento em que se detecta uma gravidez, já não há esse tipo de “opção pessoal”, porque a gravidez não é reversível, não se “cura”, porque não é doença. Entende?


Eu respondo-lhe. Você parte do triste princípio que uma criança “não-desejada” aquando da gravidez, sê-lo-á sempre. Parte do princípio que será um infeliz toda a vida. E eu pergunto-lhe: com que legitimidade se estigmatiza um ser que ainda não teve oportunidade para dizer: “Eu quero…”? Como já tenho dito, de muito berço de pau se fazem homens piedosos, assim como de muito berço de ouro surgem grandes crápulas.

Um órfão também tem uma cabeça, um coração e o mesmo mundo para abraçar. Um adoptado não é menos amado que outra criança qualquer. Quem disse que não há lugar para eles?!?!?

Deixe-se de lendas e mitos. O tempo do “vão de escada” e das “agulhas de croché” já lá vai! Segundo os mais recentes estudos, o ilícito é praticado em condições. Ora veja:

ONDE FOI REALIZADO O ABORTO?
Numa casa particular: 39,4%
Clínica privada: 32,2%
Consultório médico: 18,2%
Hospital público: 6,9%
Em casa: 1,3%

E agora leia lá esta entrevista:

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=227406&idselect=228&idCanal=228&p=200

Já agora, se não sabe, fica a saber, os abortos legais são efectuados justamente com os métodos que vem mostrar horrorizado(a). Ora veja:

http://aquihaesperanca.blogspot.com/2006/10/2-ivg-ouvir-cincia-ii.html

sábado, 27 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Será que é difícil de perceber que não há forma digna de fazer aquilo que em si é indigno?!
Infelizmente o ano passado sofri um aborto retido e como passado um mês e meio o meu corpo ainda não tinha expulsado o embrião tive que ser hospitalizada. Aí deram-me aqueles comprimidos que se vendem por aí por gente sem escrúpulos, mas mesmo assim não expulsei o embrião e os médicos tiveram que me fazer uma raspagem (ou corte como eles chamam).
Bem, tudo isto é para dizer que do que me pude aperceber lá na Maternidade (e estive lá das seis da manhã às onze da noite) os abortos são feitos sempre da mesma maneira, quer o feto (ou embrião) esteja vivo ou já morto.
Ou o caro anónimo jurista achava que nos hospitais davam uma dose de morfina ao bebé para ele não sentir?
Os abortos legais não acabam com o perigo para a saúde da mulher, porque o aborto em si, quando provocado, é um atentado não só ao SER ÚNICO e IRREPETÍVEL que não chegará a nascer, mas também ao corpo da mulher que não percebe porque estão a interromper aquele processo que é a gravidez o que traz várias consequências físicas para a mulher, já para não falar nas psicológicas.
No meu caso, alguma coisa no meu corpo fez com que a gravidez não prosseguisse (os abortos espontâneos são muito comuns), mas mesmo assim corria o risco de não poder vir a engravidar por causa da raspagem. Felizmente voltei a engravidar. E por causa desse aborto fiz uma ecografia com oito semanas e quatro dias de gestação e posso dizer que o que estava na ecografia era um bebé, só que ainda não tinha dedos das mãos nem dedos dos pés formados, mas era um bebé, um ser humano a formar-se no meu corpo.
NÃO SE PODE FAZER COM DIGNIDADE O QUE EM SI É UM ACTO INDIGNO.

sábado, 27 janeiro, 2007  

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