fevereiro 13, 2007

"The Day After Tomorrow " (I).

"O dia depois de amanhã" foi pródigo em revelações. A máscara dos abortistas cai apenas um dia decorrido o referendo e zangam-se as comadres.



Bastou um dia! Sócrates emociona-se ao apelidar o PS de "progressista", fazendo da eliminação arbitrária de fetos uma espécie de quimera em prol da Civilização.

Mas o seu líder de bancada foi mais longe, ao ser mais concreto. Na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PS, em Óbidos, Alberto Martins avançou que "(...)não haverá naturalmente aconselhamentos obrigatórios, à revelia do que foi o mandato popular...a lei será feita na Assembleia da República nos exactos termos desse mandato...o período de reflexão naturalmente será curto".


"À revelia do que foi o mandato popular"?!?!?! Então mas o mandato popular não consistia simplesmente na "despenalização das mulheres"?!?!? Em que medida é que essa simples "despenalização" colide com a obrigatoriedade de um aconselhamento...?!? Ah...! Parece que, afinal, o "SIM" à pergunta implicava mais umas coisitas para além da anulação dos 3 anos de cadeia não é? É tão giro enganar o povinho...!

Ou seja, depois de ouvirmos recados apaziguadores de última hora (lembro Vital Moreira ou Edite Estrela), garantindo a defesa de medidas moderadoras do pedido de aborto, em caso de vitória do "SIM", vemos agora o próprio líder da bancada do PS anunciar que a lei reflectirá na íntegra o que foi aprovado na pergunta, sem condicionalismos que não um curto período de reflexão. Estou a imaginar o "médico" -Volte daqui a 3 dias - e pergunta a "paciente" - Tem mesmo de ser? - e retorna o outro - Tem de fazer o frete. Vá lá, passa num instante!

Será que alguém crê que um "período de reflexão", sem mais nada, será outra coisa que não um "frete", um formalismo a ser retirado à primeira oportunidade?!

Mas é que foi o próprio governo, e o PS, a falar em estudar um aconselhamento das mulheres, diziam eles, até como forma de as informar e produzir uma diminuição do número de abortos...! Vem agora desmascarar-se a mentira tantas vezes repetida, produtora deste triste "SIM". O aborto será inteiramente livre e as mulheres só saberão aquilo que, no seu desespero ou displicência, se lembrarem de perguntar...se tiverem a quem, claro!

O aconselhamento serviria obviamente para garantir que a mulher soubesse os riscos inerentes, quer durante, quer no pós-operatório. Apurar da sua estabilidade emocional, da consciência da sua opção, para além de garantir uma resposta a todas as dúvidas que ela pudesse ter. Isto é lógico, responsável e consequente. Esperemos que Sócrates cumpra e corrija o seu inflamado colega.


Ora, enquanto isto...zangam-se as comadres. Jerónimo de Sousa, caladinho que nem um rato durante a campanha (para não fazer contra-vapor), assanha-se agora contra o que era por todos já sabido: a insuficiência do Sistema Nacional de Saúde e a necessidade de dar dinheiro a privados. Vem o senhor, ao bom e velho estilo déspota do PCP, colocar em causa o direito à objecção de consciência, exigindo que o governo faça um cerco rápido a este tipo de disposição. Pois eu digo, ele terá muito com que se preocupar, mas é quando o ministro começar a recusar pedidos e a mandar as mulheres para os privados por conta própria, devolvendo uma boa parte delas à clandestinidade.