fevereiro 08, 2007

Avós e Netos...



Outro argumento recorrente no lado do “SIM” é o de que, apesar de admitirem que o feto está vivo, não lhe reconhecem (quais especialistas em neurologia fetal) consciência ou qualquer actividade cognitiva. Ou seja, para o “SIM”, o feto é um “vegetal”. Como não nos olha, nem nos sorri, tão pouco disserta sobre cubismos ou divaga pela escatologia platónica, o feto é uma nulidade, uma coisa amorfa que ainda não é “nada”.

De facto, esta atitude perante o desconhecido vai de encontro a outros sintomas desumanizantes do nosso tempo. Desconsiderar o desconhecido é um vício das nossas mentes “esclarecidas”. Aquilo que não se manifesta não se dá a conhecer, logo, não existe.

Mas lembremos um doente de Alzheimer, essa doença que se verifica estar a aumentar vertiginosamente entre as sociedades modernas, que sabem como preservar o corpo mas não a mente. Alguém num qualquer estado vegetativo, sem aparente consciência de si mesmo, mas que, no entanto, possui bater de coração, possui impulsos nervosos (sente dor) e cognitivos (elementares). Possui os vários sentidos activos, bem como um regular funcionamento de todos os seus órgãos vitais.

É curioso notar que um feto, às 10 semanas (2 meses e meio) possui exactamente o mesmo que este doente (com a excepção da visão e do olfacto)… Mas há duas grandes diferenças. Um vê-se, o outro não! Um, tem o passado como dado adquirido, o outro, só terá o futuro que piedosamente lhe reservarem… No entanto, e pelo andar do “nosso” sentido de civilização, tendem a ter algo fortemente em comum: Ambos concorrem para um decréscimo na “qualidade de vida” dos nascidos e lúcidos. Da mesma maneira que a gravidez é promessa de esforços e sacrifícios, contrariedades e incómodos, também o estado vegetativo de total dependência de um idoso, poderá sê-lo. Aliás, tende normalmente a sê-lo face ao esforço financeiro e emocional que exige.

E então…?! Vamos legislar a despenalização da interrupção “voluntária” do doente?!
Pode um familiar mais próximo decretar a sua morte? Qual é a diferença? O que tem esse Ser a mais que o outro Ser? Alguém sabe dizer? É pelo facto de ter um passado, custando decretar a morte de um rosto conhecido? A verdade é que, a partir de certo momento, os médicos apenas garantem a familiaridade do rosto, porque o resto...foi-se!

Numa visão pragmática, com que os abortistas sempre se munem, esses doentes constituem um encargo pesadíssimo para as famílias e para o Estado! E da mesma maneira que tratam uma mudança na Lei, em relação ao aborto, como uma “evolução numa lei que está atrasada”, pois aí está, peguem na mui “avançada” e sempre louvada legislação holandesa e sigam o exemplo!

Aí já se discute um novo “avanço”, desta vez a “eutanásia” sobre doentes incapazes de exprimir consentimento, como os doentes mentais ou recém-nascidos… Vejam lá bem que evolução e que piedade!