fevereiro 07, 2007

10 - (IVG) Ouvir os Casais III



Por fim, a vivência sexual no casal. Até que ponto o aborto poderá ser tido, ou aceite, como método de planeamento familiar?

Não é raro ouvirmos, disparado pelo lado do “SIM”, que o “NÃO” defende a exclusiva função reprodutora do sexo, e que, por isso, é contra o aborto como mecanismo de planeamento familiar. Ora, há formas criativas de procurar ridicularizar as opiniões, e esta, é sem dúvida uma delas.

O sexo é, de facto e acima de tudo, uma forma de expressão entre dois seres humanos, que, quando vocacionado para uma relação de respeito e confiança, atinge a sua plenitude no seio do “Casal”. Deixemos no entanto esclarecido que, o conceito de “casal”, não é aqui aplicado à simples união esporádica entre um homem e uma mulher. É de crêr que o “casal” não se constitui por um qualquer choque “acidental” de órgãos sexuais, mas surgindo, sim, da confluência de projectos, sonhos e outras afinidades. Assim sendo, quando aqui se analisa a possibilidade do aborto entre casais, apenas se envolvem os núcleos familiares constituídos, ainda que formados apenas pelo homem e pela mulher, unidos em casamento ou afins.

Um casal tem o direito, e até o dever, de proceder responsavelmente ao planeamento do seu lar. Nesse planeamento, a reprodução tem de assumir uma inequívoca centralidade, na medida em que o seu descontrole poderá levar ao descontrole de todas as outras estruturas eventualmente consolidadas entre o casal. Assim, a contracepção é a base do planeamento familiar.

Aqui, a informação faz a diferença. E a informação está por todo o lado, desde um rápido acesso à Internet, passando por uma biblioteca ou uma boa livraria. Em todo o caso, é importante a vivência conjunta de uma consulta de planeamento familiar. E a importância deste aconselhamento médico assume proporções de urgência, quanto mais jovem ou de poucos recursos for o casal (tendo em conta que a maturidade e a segurança financeira ajudam a ultrapassar a falta de conhecimento e as suas consequências). Neste tipo de consulta deverão ser conhecidas as características fisiológicas que influam na contracepção, expostos os hábitos de contracepção do casal e até conversar sobre determinados aspectos da vivência sexual do casal, que possam auxiliar na busca do plano de contracepção mais apropriado para o seu caso. É que, afinal de contas, é esta a função deste tipo de consulta. Garantir que o planeamento familiar desse casal se possa concretizar como desejado.

Aqui se encontrarão à disposição múltiplos métodos de contracepção, desde os chamados “métodos naturais”, passando pelos métodos reversíveis até aos definitivos. As taxas de eficácia são bastante animadoras, especialmente se atendermos à hipótese da combinação de métodos, bem como ao facto do controle tecnológico e do desenvolvimento científico permitirem o aumento progressivo dessa segurança.

Assim, se um casal está de tal maneira consciente da recusa de uma gravidez, ao ponto de admitir a possibilidade do aborto no caso dela ocorrer, lógico será que, para além de estar devidamente informado sobre a forma correcta de utilizar os contraceptivos, recorra aos métodos de maior eficácia e, muito especialmente, à utilização simultânea de métodos.
Tendo por base este tipo de cuidados, como poderá ocorrer a gravidez?!?

O que não se pode é dar o “calor do momento” como desculpa para o laxismo, e muito menos aceitar o aborto como solução para tal. E sublinhe-se bem esta premissa: Que a vida do feto não seja nunca o preço do conforto de quem quer gozar a plenitude do sexo desprotegido! Acontece que é para isto que estaremos a caminhar, na eventualidade da liberalização agora a referendo.

De resto, é aqui que se vê a verdadeira diferença entre uma relação “de coleccionador(a)” ou de circunstância, como falávamos no post anterior, e uma relação de verdade e de cumplicidade. É que, quando um casal se respeita e protege, estando consciente de que não quer engravidar, planeia conjuntamente a contracepção a utilizar e responsabilizam-se ambos por tal. Esse esforço, se partir de um genuíno sentimento de cumplicidade e carinho para com o outro, transforma-se no afã de proteger esse outro, inclusive de uma gravidez não desejada. E quando as coisas ocorrem assim, é muito pouco provável que ocorra o tal “acidente”. Ainda assim, propositadamente ou não, quando surge o fruto dessa liberdade e desse amor sob a forma de criança, ele tem de ser bem vindo, sob pena de se estar a renegar o sentimento que lhe deu origem.

Resumindo, ninguém ousa sequer falar em “sexo só em caso de procriação”. O que é preciso é reconhecer com clareza que, de facto, a “liberdade” e a “autodeterminação” sobre o corpo, começa e acaba no comportamento sexual.

Todo o ser humano minimamente consciente da realidade sabe que a relação sexual praticada entre dois seres biologicamente saudáveis tem um potencial mais ou menos alto de gravidez, conforme a altura do ciclo da mulher. Posto isto, se decidem manter esse tipo de relações… têm de estar conscientes que a gravidez é uma hipótese, ainda que remota (face à contracepção), e que, a acontecer o “acidente”, ele não parte de uma violação nem do anormal funcionamento do corpo. Pelo contrário, advém de uma opção livre e consciente de ambos, bem como da sua natureza biológica.

A gravidez não é um estado reversível, e tão pouco uma doença… E, independentemente da Lei, o casal é o seu verdadeiro e único protector.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

oh meus amigos,
O sr. padre (mario costa pinto)do "sim", é daqueles que sofrem o sindrome do maio 68...aliás ele é padre, porque nunca se deixa de ser depois da ordenação (direito canónico)...mas, não tem paróquia nem exerce o sacerdócio ministerial...já há 17 anos que a igreja ( o magistério) lhe tirou a credibilidade e poderes para falar em nome da Igreja...
Mas claro,dá muito jeito à comunicação social dar estes exemplos para ver se cativam mais algusn votos para o "sim"...é que basta ver os artigos de opinião no publico, no Dn etc...por cada artigo a favor do não publicam 3 a favor do "sim"...e esta gente tem lata de se autodenominarem jornalistas imparciais...é mas é gente sem ética e deontologia prfessional...
Cada vez me convenço mais que, em politica e nos partidos, os favores paga-se e bem...caso contrário, não assistiamos ao seguidismo militante a favor do "sim" estes ultimos dias na imprensa.

quinta-feira, 08 fevereiro, 2007  

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