janeiro 28, 2007

"Como o Diabo da Cruz!"



O DEBATE EM TORRES NOVAS

Foi um debate de surdos, como todos os outros debates sobre o tema. Ninguém ali vai para ser convencido, logo, cada um apenas pretende repetir-se tantas vezes quanto possível.

Contudo destaco duas pérolas deste encontro em especial:

1º A Dª Edite saiu-se com esta: “Sou mãe e sou avó de três netos que adoro. É por isso que voto sim, porque as crianças têm o direito de ser desejadas, têm o direito de ser amadas e ser felizes.”

Portanto, esta, como gosta tanto tanto tanto dos netinhos, chega à brilhante conclusão de que só tem direito à vida quem tiver um considerável potencial de felicidade no horizonte, ainda antes de ter nascido. Para a senhora, são os progenitores que vaticinam a capacidade do filho de ser feliz ou infeliz ao longo da sua vida, independentemente da capacidade deste de fazer pela própria felicidade ou pela dos outros. Daí, claro, piedosos dos paizinhos que só lhe fazem um favor! Abortam-no, pois então!

Gosto de ver a Dª Edite em debates pelo “SIM”… Soma sempre pontos para o lado do “NÃO”!

2º Mas o melhor foi mesmo a Srª Helena Pinto. Depois da bióloga Isabel Carmo Pedro intervir, projectando uma imagem de um feto às 10 semanas no útero, e tendo deixado a dita imagem exposta depois de terminar, a deputada do BE não consegui tomar a palavra sem garantir que a “perigosa” imagem fosse desligada. “Tire isso daí. Não quero falar com essa imagem aí!”

Desculpem, mas só me consegui lembrar da imagem do Drácula a fugir da cruz…!

Por que será que a VERDADE incomoda tanto esta gente…? No fundo, no fundo, algo lhes atormenta a consciência… Ninguém defende a morte com um sorriso nos lábios ou alegria no olhar!

2 Comments:

Blogger Pedro Antunes said...

Engraçado… A mim disseram-me que os defensores do NÃO levaram uma tareia de todo o tamanho… Com este teu relato fiquei ainda convencido de que tal foi verdade, pois só falas dos argumentos do SIM e não dás grande relevância aos do NÃO.

Quanto à posição da Helena Pinto é de louvar e só tu a podes mesmo criticar. Então, acabado a intervenção dos defensores do SIM, porque carga de água devia continuar a pairar como um fantasma pela sala aquelas imagens. Os defensores do NÃO não necessitam de planos de fundo, para desviar as atenções…

Ao contrário do que querem incutir ninguém do lado do NÃO é a favor do Aborto, só que não nos esquecemos dos 20 000 a 40 000 que são feitos por ano, não nos esquecemos que as mulheres são julgadas, não nos esquecemos que muitas destas mulheres entram nas urgências hospitalares devido a complicações derivadas de abortos clandestinos (aí já não há problema de pagar com os nossos impostos, os problemas colaterais dos abortos clandestinos) e que muitas se tornam inférteis devido a não terem assistência médica a tempo ou deficiente.

Votar NÃO é assegurar que tudo continue como está.

terça-feira, 30 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Pois…disseram-lhe mal. O que houve, sim, foi uma clara maioria de elementos do “SIM” na audiência…que, tristemente, procuraram calar os do “NÃO” que tomavam a palavra, mandando bocas e fazendo ruído. Se, para si, a má educação é sinónimo de “tareia de todo o tamanho”… Talvez tenha razão.

Não dou relevância aos argumentos do “NÃO” porque já os conheço bem e tenho-os já aqui apresentado insistentemente. O me interessa sim, e é digno de registo, são certos tropeções do “SIM”.

Quanto à Srª Helena Pinto, caro Peduke, a defensora do “NÃO” deixou a imagem por um acaso, como a poderia logo ter desligado ou nem a ter levado. Estranho mesmo é que a deputada tanto se tenha incomodado com algo que é natural e faz parte da vida dos seres humanos. Pelos vistos a imagem condicionar-lhe-ia o discurso, o que diz bem do estado de consciência da senhora. “Pairar como um fantasma”…curioso seu termo… Encara assim o feto em gestação? Uma espécie de fantasma que ensombra o “SIM”? A Helena pinto parece que sim.


Oh amigo Peduke… : ) Não são a favor do aborto e depois vêm propô-lo sem limitações de qualquer tipo?!?!? Que triste forma de se ser “contra”!!!

Para começar, coloco muitas dúvidas a esses números que, segundo os defensores do “SIM”, são estimados por comparação com os abortos legais feitos noutros países europeus. Portanto, a mais completa barafunda!

Por outro lado, são uma pequeníssima minoria as mulheres julgadas de entre tantos milhares de abortos clandestinos de que me vem falar…! Não é sintomático da tendência da nossa Lei para despenalizar a mulher? Eu acho que sim, logo, despenalize-se a mulher e mantenha-se a caça às abortadeiras! Verá que dá resultado. A par disso, o Estado tem de dar alternativas às mulheres que, querendo ter o filho e tendo medo de abortar, desconhecendo até o que é o aborto, apenas podem contar com o seu medo, as suas incertezas, as pressões do marido, namorado ou pais. Cabe ao Estado acompanhar estas situações, ou podemo-nos dar ao luxo de desperdiçar uma criança que, sendo desejada pela mãe (após saber-se da gravidez), fica refém do medo desta e do facilitismo do Estado?

terça-feira, 30 janeiro, 2007  

Enviar um comentário

<< Home