Parto na caixa de fósforos...
Claro que poderemos complicar isto até à exaustão, mas permitam-me que o resuma no essencial. E o essencial é que vivemos um tempo em que enquanto se exige a liberalização do aborto, delibera-se o encerramento de maternidades por todo o país...
Isto diz muito da tão falada "política de natalidade", que todos concordam tratar-se de uma prioridade!
Mas a situação assume contornos sinistros quando o governo vem dar, como solução, a formação de bombeiros para assistir a partos em ambulâncias...
Daqui resulta esta aberração civilizacional, em que, enquanto se pretende que o aborto seja obrigatoriamente realizado por intervenção médica e "em estabelecimento de saúde legalmente autorizado", já se deverá tolerar que, por sua vez, o parto seja feito a 30 km de um hospital, em plena corrida por uma qualquer estrada esburacada e às mãos de um bombeiro que, com sorte, poderá já ter treinado naquele Nenuco que o INEM ofereceu ao quartel...!
Será a ambulância um "estabelecimento de saúde legalmente autorizado"? Será o bombeiro um "técnico" competente, ou para o parto a coisa já se dispensa?
Certo e indesmentível é que Correia de Campos se prepara para transformar fundos, anteriormente destinados à maternidade e ao seu apoio, para o sustento dos abortos por encomenda que as luxuosas clínicas espanholas por cá farão...a pedido do Sr. Ministro, claro.
Mas, são opções! Evita-se o "vão de escada", e fomenta-se o "pânico na estrada".
Entretanto, são já muitas as admoestações de diferentes entidades a respeito desta pretensão para com o serviço de bombeiros:
Associação Portuguesa de Medicina de Emergência
Liga dos Bombeiros Portugueses e Ordem dos Enfermeiros
Diversas corporações de bombeiros.
6 Comments:
Já há muito os Bombeiros têm formação para assistir a partos ditos eminentes e normais, formação que faz parte do curso de TAS, quer dados na ENB quer no INEM, com manequins próprios para treino.
A dois anos foi inserido no curso de TAT, um curso a muito abaixo do TAS, que é obrigatório para todos os Bombeiros a vertente de assistência a partos, esses elementos são o braço direito dos TAS, e assim formão uma equipa, com pessoas diferenciadas e menos diferenciadas.
A nível de equipamento também existe, o KIT de Partos, existe a mais de 20 anos, mas não podemos esquecer que quando ocorre uma assistência a partos, certamente existiu erros grosseiros por parte de muita gente, quer numa incorrecta avaliação da parturiente por parte do serviço nacional de saúde, quer muitas das vezes por negligencia da parturiente.
Se os senhores Comandantes cumprirem o regulamento de transporte de doentes, certamente não existira problemas, porque as parturientes devem ser transportadas em ambulâncias de socorro, com 2 TAT e 1TAS , sejam elas ABSC dos Bombeiros quer as do INEM
Obrigado
Caro Reinaldo, desde já lhe agradeço a atenção.
Quando falamos em "formação para assistir a partos ditos eminentes e normais", como refere no seu comentário, presume-se que tal formação se destine a suprir situações de emergência que decorrem da inevitabilidade de um transporte, que tem um determinada duração, e no decorrer do qual há um risco calculado de ocorrência de parto.
Ora, quando estendemos o tempo desse transporte para um período consideravelmente maior (à semelhança do que se está a levar a cabo com a anulação de maternidades por todo o país), estamos naturalmente a potenciar o surgimento de situações de emergência, as quais apenas o pessoal médico está habilitado para a lidar.
Portanto, não pondo em causa as capacidades, o zelo e o mérito do bombeiro, não se justifica que se potenciem situações de perigo, pelo facto deste governo ter uma forma peculiar de encarar o mundo da obstetrícia, dando uma prioridade ao financiamento do aborto que não dá na garantia de um serviço de urgência especializado, próximo de grandes focos populacionais.
Mas o Governo sabe que com o fecho de algumas maternidades iria aumentar o risco de ocorrências de nascimento dentro das ambulâncias, uma coisa é certa, se a parturiente der entrada numa unidade de saúde para ser avaliada e depois ser transferida para uma maternidade, e se ocorrer um nascimento durante o transporte, a responsabilidade cairá sobre a unidade de saúde, porque é essa unidade de saúde que terá de que despender dos meios humanos e técnicos para que o transporte ocorra em devidas condições para o doente, assim dita o diploma legal de transferências de doentes intra hospitalares.
Só se quando se fizer o contrato com uma identidade transportadora e se requisitar entre a ambulância pessoas especializados, o que não acontece em Portugal, porque alem de ser caro é tecnicamente impossível, ficando muitas das vezes o contrato definido pelo tipo de ambulância e um condutor referenciado ficando os restantes elementos da responsabilidade da unidade de saúde.
Tudo que ocorra entre o local da ocorrência e a unidade de saúde , a responsabilidade legal actualmente é do INEM, como é sabido.
Pois bem...encurte-se esse tempo, de possível ocorrência, tanto quanto possível! No mínimo, mantendo as estruturas existentes.
Este governo anda com uma politica de megalomania e centrar tudo num ponto e fechar uma rede de cuidados de saúde criada muitas das vezes com donativos e dos próprios cidadãos locais que ajudaram criar e manter muitas coisas actualmente existentes, para que pudessem ter uma melhoria dos cuidados de saúde e algum progresso na qualidade de vida.
Muitos países já cometeram esse mesmo erro e mudaram de política, e por cá também, o exemplo das super esquadras da PSP, no que deu, mas o português normalmente esquece o passado e comete os mesmos erros no futuro, porque o ideal será sempre a existência de um centro hospitalar com varias polivalências mais perto da população, tentando reduzir ao máximo o tempo de transporte entre a unidade para qual se destina o doente e quer do seu domicilio quer intra Hospital, claro que isso terá um grande impacto orçamental, mas entre o dinheiro e a vida é uma questão que os governantes tem que escolher.
O problema das maternidades é só mais um, porque existem muitos outros problemas que são idênticos ou maior gravidade do que as parturientes, que põem em causa directamente a vida ou a morte de muitos cidadãos a nível nacional, mas ninguém quer falar neles.
Uma criança do sexo masculino nasceu esta manhã numa ambulância dos Bombeiros Voluntários de Elvas, quando era feito o transporte da parturiente da Terrugem para o Hospital Materno-Infantil de Badajoz. Segundo fonte dos bombeiros, a mulher entrou em trabalho de parto cerca das 7 horas e 30 minutos, quando a ambulância se encontrava na zona de Varche, junto ao restaurante "Retiro dos Amigos”.
Pois não, com as politicas do governo e uma incompetencia por parte do SNS em avaliar as parturientes vai acontecer muito disso
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