outubro 30, 2006

2 - (IVG) Ouvir a Ciência II


Feto abortado às 11 semanas.

É recorrente ouvir-se o “argumento” de que o aborto age sobre uma massa biológica informe e sem natureza humana, uma “coisa que mal se vê”, logo, que não existe. É curioso como a técnica e a ciência servem de solução e revolução para tanta coisa, mas para assumir uma realidade tão simples, embora inconveniente…já nem tanto. Actualmente, a microscopia permite-nos compreender que o que “mal se vê” também existe, e o feto, por milimétrico que seja, assume forma humana desde cedo. Ora aí está um facto que uma simples espreitadela ao microscópio poderá confirmar.

Quem tem medo de espreitar? Pois é o que aqui pretendo fazer hoje.

Mas desta vez não vamos ver imagens bonitas, in utero, mas sim a realidade do aborto. Não é difícil ser-se homem, tolerar ou mesmo incitar a mulher a fazer um aborto e ficar numa qualquer sala de espera, aguardando o fim do processo. Para a mulher, caso se submeta por vontade própria e tudo corra bem, ficarão eventualmente as mazelas psicológicas de um acto que, no fundo, corrompe a sua natureza enquanto mulher e ser-humano (mazelas que o sentimento de “liberdade” reavida acaba por atenuar). A verdade é que, quer um, quer outro, nunca chegam a ter a noção do que fizeram, das consequências da sua opção.

Tiram “aquilo” como se tirassem um quisto, sem nunca verem o que era “aquilo” afinal.

Pois, a intenção, hoje (e depois de num outro post ter deixado a descrição do feto em cada momento da gestação até às 16 semanas) é colocarmo-nos ao lado do médico que procede à operação e assumir a sua perspectiva. Ver o que o médico vê, e que é sempre o único a ver.

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Como se procede a um aborto?

O aborto provocado tem como objectivo a destruição da criança em desenvolvimento no seio materno ou a sua expulsão prematura para que morra. Para conseguir este resultado costumam usar-se vários métodos que noutras circunstâncias se empregam em ginecologia ou obstetrícia, e que se escolhem atendendo aos meios de que se disponha e à idade do feto que tem de se suprir. O métodos mais utilizados (no aborto legal e em "estabelecimentos de saúde autorizados"), são: aspiração, raspagem, histerotomia (mini-cesariana), indução de contracções e a injecção intra-amniótica.


Como se pratica um aborto por aspiração?

Primeiro dilata-se o colo uterino com um instrumento adequado para esta função, para que através dele possa entrar um tubo ligado a um potente aspirador. A força da sua sucção arrasta o embrião e o resto do conteúdo uterino, todo desfeito em pequenos pedaços. Uma vez terminada a operação costuma-se fazer uma raspagem para se ter a certeza de que o útero ficou vazio. Este método costuma ser usado quando a gravidez tem menos de dez ou doze semanas.


Eis um diagrama ilustrando como se processa este método.


Fetos abortados às 10 semanas, por aspiração.


Em que consiste o método da raspagem?

A raspagem ou legração, também chamada “curetage”, é o método que se usa mais frequentemente. Começa-se por dilatar convenientemente o colo do útero, que só se pode fazer por anestesia. Depois introduz-se no útero uma espécie de lâmina curva cortante, chamada legra, que desfaz ao máximo a placenta e destroça o feto, atingindo-o de alto a baixo através de toda a cavidade do útero. Os bocados assim obtidos extraem-se com a mesma legra. Este método costuma praticar-se sobretudo nos três ou quatro primeiros meses de vida do feto. Se a gravidez superou já as doze semanas, as dificuldades aumentam e a trituração do corpo tem de ser especialmente completa para que tudo seja expulso, face ao perigo de partes do feto ficarem dentro da mãe.

(ambos estes métodos só se usam durante os primeiros meses de gravidez porque o feto cresce e desenvolve-se muito rapidamente, e passado este tempo a sua trituração ou expulsão por via vaginal torna-se muito difícil para quem realiza o aborto e muito perigosa para a mãe.)


Eis um diagrama ilustrando como se processa este método, neste caso, já em adiantado estado de gravidez.


Em que consiste a “mini-cesariana”?

A cesariana é uma intervenção cirúrgica que se realiza no fim da gravidez e consiste na extracção da criança através de uma incisão no abdómen da mãe, quando por qualquer motivo não for possível o nascimento pela via normal. Método que tem já salvo muitas vidas, quer de mulheres quer das crianças. Mas se se praticar uma cesariana poucas semanas após a gravidez, chama-se “mini-cesariana”, e consiste em praticar uma incisão no útero através do abdómen materno, afim de se extrair o feto e a placenta. Este método costuma usar-se a partir da 15º ou 16º semana de gravidez. Habitualmente extraem-se crianças vivas, que logo a seguir acabam por morrer por não terem viabilidade. Porém, por vezes, com este método obtêm-se crianças vivas e viáveis, cuja morte é provocada, geralmente por asfixia.


Resultado de um aborto praticado com este método, num feto com 15 semanas (lembro que o governo se prepara para extender o prazo até às 16 semanas, após aprovação das 10 em referendo).


Em que consiste o aborto por indução de contracções?

Consiste em causar a expulsão do feto e da placenta mediante a administração à mãe, por diversos modos, de substâncias que produzem contracções semelhantes às de um parto (prostaglandinas, oxitocinas), as quais provocam, por sua vez, a dilatação do colo uterino e a bolsa em que está a criança desprende-se das paredes do útero. A criança pode nascer morta (asfixiada no interior da mãe) ou viva. Por vezes, antes de se administrar os oxitócicos, usam-se umas hastes ou dilatadores hidrófilos que, colocados no colo uterino, engrossam progressivamente e o dilatam.


Em que consiste o método da injecção intra-amniótica?

Injecta-se no líquido amniótico, em que vive o feto, através do abdómen da mãe, uma solução salina hipertónica ou uma solução de ureia. Estas soluções irritantes hiperosmóticas provocam contracções parecidas às do parto. Com um intervalo de um ou dois dias após a injecção, a criança e a placenta costumam ser expulsas do útero. Num certo número de casos tem que se realizar depois uma raspagem para se ter a certeza da expulsão da placenta. Este método utiliza-se às vezes para evacuar um feto morto espontaneamente e mantido no útero, e só pode ser usado numa gravidez em estado muito avançado. Se se tratar de provocar um aborto, ou seja, se a criança está viva dentro da sua mãe e deve ser expulsa, também a gravidez já tem de estar adiantada, com mais de 4 meses. A solução irritante introduzida previamente costuma envenenar o feto, causando-lhe além do mais, fortes queimaduras. Por vezes, em vez de soluções cáusticas, introduzem-se no líquido amniótico prostaglandinas, porém, os que provocam abortos preferem as outras soluções, porque se obtêm fetos mortos com mais segurança, pois é “desagradável” que a criança nasça viva e tenha que se matar ou deixar morrer à vista de todos.


Eis um feto abortado por este método em adiantado estado de formação.


Aqui, o médico Byron Calhoun (ex-executante de abortos) examina dois fetos abortados, descrevendo-nos a sua causa de morte através dos sintomas apresentados.

Para mais informações e descrições médicas sobre os diferentes métodos, ver aqui.
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Há, entre os defensores do SIM, muitos que acusam de “imoral” a divulgação de fotos e filmes de abortos, acusando o outro lado de “manipulação” através do choque. De facto a realidade é chocante… e é por isso que nos movemos.
É preciso compreender que as únicas pessoas que, em todo este processo, têm noção do que é um aborto, são os médicos, enfermeiras ou abortadeiras, que hoje em dia recebem avultadas somas para fazer o serviço (ou seja, assumem uma aura de libertadores e lutadores pelo “direito” à decisão, mas depois cobram quanto puderem). E são os únicos a saber porque são os únicos a ver. Talvez lhes custe ver da primeira, da segunda vez, mas, daí em diante, os cifrões já lhes facilitam as vistas e é sempre a aviar.

Hoje, na eminência de uma vitória do SIM, é importante que quem quiser assumir esse voto, saiba na plenitude o que esse voto significa, para que então o assuma na totalidade. A sociedade tem de facto o direito de optar, mas que jamais o faça equivocada ou ignorante…

Eis aqui um aborto praticado às 10/11 semanas, como se pretende aprovar em Portugal. O método aqui aplicado é a raspagem, como descrito acima (veja quem tiver convicção no SIM, os outros poupem-se a isto):




Aqui estão outros vídeos de outros abortos e aqui, um pequeno documentário sobre o tema (com imagens não menos tristes).

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá,

Realmente é muito triste.

Mas, sinceramente, não acha também triste a discussão que se gerou - nomeadamente a partir do blog do não - que em nada tem a ver com o aborto em si?

segunda-feira, 08 janeiro, 2007  
Blogger A minha verdade said...

Tem razão. Mas cada pessoa tem a sua maneira de se expressar, não é?

Também é verdade que todo o NÃO começou por argumentar justamente no campo da defesa da Vida Humana e da sua inviolabilidade... Aconteceu que, o SIM, não tendo argumentação suficientemente lúcida para justificar a eliminação dessa Vida em prol da arbitrariedade dos outros, acabou desviando o assunto e aventurando-se por argumentos sociais, legais, médicos, estatísticos, económicos, etc...

O NÃO acede e responde. Mas depois os mesmos do SIM vêm criticar-nos por atentarmos menos na causa da Vida...procurando fazer-nos passar por hipócritas...! Vale tudo, quando não se têm argumentos válidos.

O NÃO, não tem receio de argumentar em todos os campos deste problema...! Quando a verdade é apenas uma, há que acreditar.

Obrigado pelo comentário.

segunda-feira, 08 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

"Realmente é muito triste.

Mas, sinceramente, não acha também triste a discussão que se gerou - nomeadamente a partir do blog do não - que em nada tem a ver com o aborto em si? "
Ora aqui está uma afirmação do SIM com a qual concordo. Realmente é triste que não se fala do aborto em si, dos abortados.
Os do SIM só vêem uma mulher no que respeita ao aborto, são os direitos da mulher e mais nada importa. Os do NÃO também só falam de que a legalização só vai trazer mais problemas para as mulheres, quer físicos, quer psicológicos e que não acaba com o aborto clandestino.
Meus senhores e aquele Ser humano em formação que está dentro da mulher?! Porque é que não discutem sobre ele, é a vida dele que está em causa! Noutro dia ouvi dizer a uma pessoa do SIM que não admitia que uma só mulher morresse por causa dum aborto. Eu não admito que um só embrião e uma só mãe morra por causa dum aborto.

sexta-feira, 02 fevereiro, 2007  
Anonymous Anónimo said...

sou contra vi mesmo por curiosida aff orrivel parabéns pela matera

terça-feira, 17 fevereiro, 2009  
Anonymous ERISANGELA said...

ESTOU CHOCADA EM VER O ABSURDO QUE É UM ABORTO.ESSAS PESSOAS QUE NÃO SE PREVINEM E ACABAM ENGRAVIDANDO SEM QUERER E ABORTAM, NÃO SEI DEFINIR O QUE SÃO, ACHO QUE O DIABO EM CARNE E OSSO. QUANTA MALDADE MEU DEUS! JUSTIÇA SEJA FEITA AQUI NA TERRA PRA QUEM COMETE E PRA QUEM AJUDA A FAZER ESSE CRIME. AMÉM.

sábado, 29 maio, 2010  

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