dezembro 17, 2006

Não se entende...!



Este cartaz é hipócrita porque apela a algo que não existe! Não se pode falar em humilhação de um réu pelo simples facto de ser presente a julgamento. A humilhação da exposição pública é inerente aos faltosos e à sua conduta, logo, esta exposição só será injusta quando agindo sobre pessoas inocentes, o que não é o caso!


É hipócrita porque não se trata aqui de aferir da humilhação de quem não cumpre perante a Lei (até porque ninguém se preocuparia com a humilhação pública de um homicida ou de um pedófilo que vai a julgamento). Trata-se, sim, de perceber se há ou não crime. Naturalmente que caso não haja crime, estamos perante uma humilhação injusta, mas quem é que delibera sobre o teor criminoso de quem aborta por conveniên cia? Os políticos? Os sociólogos? Os lobbys defensores do SIM? Os tais que desde o referendo de 98 não foram capazes de criar a Ed. Sexual nas escolas ou de dar maior apoio às instituições de assistência à maternidade? Os tais que fecham maternidades e pré-contratualizam com clínicas de aborto sem saberem se o SIM vencerá o referendo? Os tais que, defendendo agora a prisão para as mulheres que abortem fora dos "estabelecimentos legais de saúde" ou para além das 10 semanas, se insurgem contra o julgamento de uma abortadeira que se gaba na tv de ter praticado mais de 20 abortos, elevando-a a heroína feminista?!


Num momento em que o único consenso maioritário visível entre os médicos é o de que o alvo do aborto é um Ser Humano, quem vem hipocritamente apelar ao sentimentalismo, alegando humilhações, só o pode fazer partindo desse princípio hediondo que é a arbitrariedade do elemento mais forte, a mãe, sobre o elemento mais vulnerável e indefeso, o feto.

É na ciência que se tem de compreender esse alvo e, daí, aferir da culpa ou inocência de quem aborta. Se a medicina disser que há Vida Humana às 10 semanas ou antes (como o faz), a Lei deve reflectir os dados da ciência (como o faz) e não a vontade dos políticos.