janeiro 31, 2007

7 - (IVG) Ouvir as Mulheres II



Feminismo: bradando a insanidade.

“O corpo é meu!” ou “Os nossos corpos não são campos de batalha”, são alguns dos slogans que ouvimos, vindos de certo feminismo radical e acicatado. E não, não é aquele feminismo que pugna por justos direitos e igualdades, contra machismos ainda latentes ou sobreviventes, trata-se sim de gente que vê ataques e opressões em tudo o que mexe, bem como a necessidade de reagir com tanto alarido quando possível, qual histerismo militante. São os “donos da verdade”, “quixotes da nova moral”. Consideram o aborto uma causa que elevam ao puro e simples patamar da liberdade pessoal, lá está, contra uma suposta “opressão machista da actual Lei”. Bom exemplo disto foi a intervenção da Drª Edite Estrela no programa “Prós e Contras”, comparando esta despenalização à introdução do divórcio, permitindo às mulheres divorciarem-se dos seus maridos se quiserem. A pobre senhora esquece-se que os maridos são homens feitos e que os fetos não são chamados a assinar a papelada do divórcio.

Apesar de não representarem as mulheres em geral, pois raras são as que se identificam com tais slogans, não deixam de ser barulhentos e levar de arrasto um público mais jovem e menos dado a análises serenas.

A estas mulheres (e homens), é preciso lembrar que o que agora se discute, não é o poder que a mulher tenha de dispor livremente do seu corpo, mas o poder de dispor livremente da vida de um ser autónomo que habita, temporariamente, no seu ventre, o que não está certo. Este novo ser tem, desde o momento da concepção, uma individualidade própria, única e irrepetível, cabendo à mulher o insubstituível papel da sua guarda e protecção. Renegando esse papel e essa responsabilidade, através do aborto, aí sim, está-se a transformar o corpo num “campo de batalha”. Uma batalha sangrenta e sempre com uma morte certa.
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A razia financeira à Família.

Aparte os feminismos, o motivo que mais recorrentemente ouvimos para que se aborte, são as carências financeiras. Não que tenha um peso real significativo, como vimos nos dados apresentados no post anterior, mas, ainda assim, sistematicamente evocado como razão essencial para que se permita o livre acesso ao aborto (já que não gostam do termo “liberalização”).

Ora, queremos acreditar que quem recorre ao aborto numa atitude de “responsabilidade”, face à constatação da ausência de meios para assumir um filho, o fará sob um sofrimento extremo, inerente ao dilema e à dúvida sempre presentes no processo. Na verdade, uma mulher que pondera o aborto sob este tipo de pressão específica, estará pronta a abraçar essa gravidez ao primeiro sinal de esperança, auxílio e acompanhamento que lhe seja dada.

E é bom que, primeiro, comecemos por esclarecer que não se deve considerar como “carência financeira”, aquele critério de maternidade, segundo o qual, a criança só será feliz se tiver acesso a todo o tipo de luxos e mordomias hoje disponíveis. O “conforto” tende hoje a suplantar valores elementares como a “amizade”, a “partilha” ou o “sacrifício”. Logo, por “carência financeira” se entende, por exemplo, a ausência de um lar que permita uma privacidade mínima ao seu agregado, a ausência de uma alimentação saudável e variada, ou de um orçamento familiar que possibilite a manutenção da família (roupa, higiene, energia, água, educação).

Posto isto, e recordando que, actualmente, os abortos clandestinos por motivos financeiros rondam apenas os 14 %, é de se questionar o papel de toda uma sociedade, personalizada num Estado, na criação de bases para o apoio à Família. E não se pense que se trata aqui de esmolas ou de pequenas ajudas pontuais, trata-se da criação de políticas de Família, as apregoadas (e jamais cumpridas) “políticas de Natalidade”. Que é da criação de verdadeiros benefícios fiscais? Porque é que um casal com 3 ou 4 filhos deve estar sujeito ao mesmo tipo de carga fiscal, ao nível de IVA ou IRS, que um casal com apenas um?!? Porque é que um casal com 3 ou 4 filhos está sujeito ao mesmo imposto e à mesma concessão de crédito na compra de habitação que um casal com apenas um?!? Para cúmulo dos cúmulos, porque é que um casal com 3 ou 4 filhos está sujeito aos mesmos preços no acesso à cultura que qualquer outra pessoa?!? E onde estão os médicos de família para a Família? E o planeamento familiar disponível? E a assistência social de proximidade?

Na Alemanha já se começou, em 2007, a oferecer milhares de euros por cada filho que nasça. Por aqui não se pede tanto, por ora. Pede-se algo que diminua, ou ajude a dissolver, este “dilema monstruoso” que actualmente constitui a maternidade, neste país de gente velha. A grande maioria do esforço visível, nesse sentido, provém de associações privadas ou da Igreja, demitindo-se o Estado do seu papel, exultando antes o aborto como A SOLUÇÃO para a pobreza (quando se pretende investir milhões no aborto, sem dar um sinal claro no apoio à Família e à maternidade, é obviamente disso que se trata).
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Prioridades e responsabilidade.

Mas a principal motivação por detrás do aborto clandestino, e segundo rezam os estudos encomendados por representantes do “SIM”, trata-se tão só de uma questão de definição de prioridades, sobre o que deve vir agora e o que deve vir depois.

Perguntam: Mas uma mulher não tem direito a definir as suas prioridades, a optar?

Em absoluto, tendo em conta que o corpo lhe pertence e que é livre para dele dispor. Simplesmente, quando por acção desse livre dispor, ela exige a intervenção de terceiros sobre esse corpo, aí ela terá de se cingir a regras externas. Se uma doença é passível de ser tratada, uma gravidez não, porque não é doença.

É preciso lembrar que o direito ao livre dispor do corpo, começa no seu comportamento sexual e termina no seu critério de contracepção, constituindo essa uma margem suficientemente ampla para uma maternidade consciente. Acontece que, quando o comportamento sexual e os critérios de contracepção da mulher concorrem no sentido da gravidez, resta assumi-la e apostar vivamente nesse estado natural e privilegiado, decorrente da sua liberdade. A opção pela apregoada “maternidade consciente” existe antes da concepção, depois desta, há “apenas” maternidade, “consciente” ou não!

Conscientes, sim, da sua opção de abortar, fazendo-o por questões de progressão na carreira, conforto económico, por critérios de tempo, definição de prioridades, etc., este calculismo por parte de muitas mulheres, e que está subjacente à maioria dos abortos clandestinos, não é passível de atenuantes ou de compreensão. Simplesmente, outras há, como vimos, que lhe são conduzidas pelo medo, por pressões familiares e/ou sociais, pelo desespero, e a essas dificilmente se poderá levantar um dedo acusador. Como diz o “SIM”, não merecem que ao drama do aborto se junte a humilhação e a recriminação social.

Ora, como não é possível aferir das motivações de todas estas mulheres, diferenciando as primeiras das segundas, e para que se não condenem duplamente as segundas, mais valerá que se despenalizem todas, pois que a justa possibilidade da condenação de umas, ainda que em maioria, não justificará o triste julgamento de outras.
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Saúde Pública?!?

Alega-se ainda uma “questão de saúde pública”. Tendo em conta as consequências normais de abortos em situações legais, depressões, perigos de infertilidade permanente, gravidez ectópica (numa próxima gravidez), hemorragias, febres, cancro da mama, coma e até a morte, não será esta uma “questão de saúde pública” que se agudiza? A conveniência de umas e a demissão do Estado para com outras vale o risco e os seus custos?

Resumindo:

- Pedido de aborto para o caso de violação, mal formação do feto, perigo para a saúde física ou psíquica da mãe ou risco de vida, a Lei consagra-o, aborte-se.

- Pedido de aborto com motivações financeiras, sociais e/ou familiares? Fazendo prova dessas carências, encaminhamento para assistência social, planeamento familiar e médico de família. Seguimento da gravidez e relação de proximidade com a família. No caso extremo de recusa da criança, depois de nascida, deve ser dirigida pelo Estado para os milhares de casais disponíveis para a adopção.

- Pedido de aborto por qualquer outro motivo, recusa-se a intervenção e propõe-se o encaminhamento para consulta de planeamento familiar.

janeiro 30, 2007

Parecem cordeiros...



Hoje, primeiro dia de campanha, podemos já ver, no Porto, o "SIM" a distribuir panfletos e a dar entrevistas.

São mentirosos! Profundamente mentirosos!

Repetem insistentemente às pessoas que o que está em causa não é a sua posição sobre o aborto, mas simplesmente a despenalização das mulheres.

Como é possível que esta gente tenha a lata de dizer algo assim, quando sabe, sabe perfeitamente, que um "SIM" a esta pergunta implica muito mais que uma simples "despenalização". Implica o total arbítrio sobre o feto até às 10 semanas!! Isto sim! E esta gente anda a escondê-lo da população acenando-lhe com prisões fictícias!

Num momento em que ainda se vê tanta, tanta gente, a pensar que este referendo é para tirar mulheres da prisão, ou para permitir que uma mulher aborte se for violada ou se o feto for deficiente...

O "SIM" É DESONESTO! ESTÃO A FABRICAR VOTOS!

janeiro 29, 2007

Hino à Vida.



Frio, chuva, até neve ontem caiu… Mas fomos milhares, saímos convictos.

Famílias inteiras, carrinhos de bebés e cadeiras de rodas percorreram as ruas de Lisboa… Crianças e idosos, netos e avós. Foi um hino à Vida, uma experiência inesquecível…

Valerá a pena! É uma causa maior.

janeiro 28, 2007

"Como o Diabo da Cruz!"



O DEBATE EM TORRES NOVAS

Foi um debate de surdos, como todos os outros debates sobre o tema. Ninguém ali vai para ser convencido, logo, cada um apenas pretende repetir-se tantas vezes quanto possível.

Contudo destaco duas pérolas deste encontro em especial:

1º A Dª Edite saiu-se com esta: “Sou mãe e sou avó de três netos que adoro. É por isso que voto sim, porque as crianças têm o direito de ser desejadas, têm o direito de ser amadas e ser felizes.”

Portanto, esta, como gosta tanto tanto tanto dos netinhos, chega à brilhante conclusão de que só tem direito à vida quem tiver um considerável potencial de felicidade no horizonte, ainda antes de ter nascido. Para a senhora, são os progenitores que vaticinam a capacidade do filho de ser feliz ou infeliz ao longo da sua vida, independentemente da capacidade deste de fazer pela própria felicidade ou pela dos outros. Daí, claro, piedosos dos paizinhos que só lhe fazem um favor! Abortam-no, pois então!

Gosto de ver a Dª Edite em debates pelo “SIM”… Soma sempre pontos para o lado do “NÃO”!

2º Mas o melhor foi mesmo a Srª Helena Pinto. Depois da bióloga Isabel Carmo Pedro intervir, projectando uma imagem de um feto às 10 semanas no útero, e tendo deixado a dita imagem exposta depois de terminar, a deputada do BE não consegui tomar a palavra sem garantir que a “perigosa” imagem fosse desligada. “Tire isso daí. Não quero falar com essa imagem aí!”

Desculpem, mas só me consegui lembrar da imagem do Drácula a fugir da cruz…!

Por que será que a VERDADE incomoda tanto esta gente…? No fundo, no fundo, algo lhes atormenta a consciência… Ninguém defende a morte com um sorriso nos lábios ou alegria no olhar!

janeiro 27, 2007

CAMINHADA PELA VIDA.



É JÁ AMANHÃ! SEJAM MILHARES... SEJAM CONVICTOS... VALERÁ A PENA!

janeiro 26, 2007

Inconstitucionalidade!



Hoje, foi a vez do constitucionalista Jorge Miranda vir a público. Vem o especialista chamar a atenção de que, “se o “sim” ganhar, a futura lei violará a Constituição”, lembrando o seu artigo 24º (“A vida humana é inviolável”).

aqui o havíamos dito, e ainda se aguarda a solução que os “SIM’s” pretendem dar a tudo isto. De repente, a Constituição cai no vazio dos relativismos e a “Vida Humana”, aí consagrada e defendida, passa ao lado do feto…porque este ainda não ganhou um mísero dia, depois de ter já ganho 10 semanas.

Mas o professor Miranda diz mais:

"Na lei de 1984 há um ponderação de valores entre a vida humana e o direito à saúde e dignidade da mulher. Aqui não há nenhuma realidade constitucionalmente admissível que justifique pôr em causa a vida humana"

O caro professor ainda não chegou aquele ponto do debate em que se ouve o “SIM” assumir que a “matéria-prima” se deve sujeitar à vontade da “criadora”!

Debate em Torres Novas.



Amanhã, dia 27, na Alcaidaria do Castelo:

Debate sobre Interrupção Voluntária da Gravidez:

"A Assembleia Municipal de Torres Novas promove um Debate sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, a ter lugar na Alcaidaria do Castelo de Torres Novas, amanhã (sábado), dia 27 de Janeiro, pelas 17H30, com a participação de Edite Estrela, deputada do Partido Socialista no Parlamento Europeu e Helena Pinto, deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, defensoras do SIM; e António Maria Braga Pinheiro Torres, advogado (do movimento “Juntos pela Vida”) e Isabel Carmo Pedro, bióloga (do movimento “Mais Vida, Mais Família”, defensores do NÃO."

janeiro 25, 2007

O "erro" de Hipócrates!



Afinal, acumulamos milénios de equívoco e não sabíamos! Parece que são os políticos, sociólogos, juristas e empresários, que enchem a nossa Assembleia, os verdadeiros creditados para formular e reformular a deontologia médica!

Quem nos mostra a Luz é o Dr. Rui Nunes, professor de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e anterior responsável da Entidade Reguladora da Saúde. Segundo veio a público, o senhor pretende "solicitar à Ordem dos Médicos a revisão do Código Deontológico dos Médicos, no dia seguinte ao referendo ao aborto, qualquer que seja o resultado da consulta popular".

Mas atenção, não é uma "revisão" qualquer...! Pegando na incompatibilidade entre o "código" (que apenas contempla o caso de perigo de vida para a mulher) e a Lei de 1984 (quando se consagraram as actuais excepções), que leva, supostamente, os médicos a recusarem abortar nos casos que esta já permite, defende um ajuste do dito código, para que "a ética médica se compagine com a lei em vigor". Segundo ele, "a classe médica deve reflectir...de forma que possa adequar-se aos valores actuais da sociedade, sufragados directamente pela população".

Lá está, parece que hoje em dia, quando a ciência atinge altos patamares de rigor e conhecimento, em que se consegue ver para lá dos tecidos, quem dita o que é ou não Vida Humana é o comum eleitor, ou o político, em seu lugar. Médicos para quê?!

O senhor alega um desajuste do código à actual Lei, mas eis o que ele vem propor para depois do referendo:

"A proposta concreta que eu faço é que a redacção do artigo do Código Deontológico, respeitante a esta questão, diga que é falta grave - excepto nos casos previstos pela lei em vigor - o que resolve todo o problema"

Naturalmente que resolve! Se vierem por aí os nazis outra vez, lá teremos o dito código a proclamar a eugenia como acto de higiene e saúde pública. Conforme a "lei em vigor", lá está!

janeiro 23, 2007

6 - (IVG) Ouvir as Mulheres I



Porque se aborta em Portugal?

Há quem assegure que as mulheres não o fazem de ânimo leve, que pesam bem as consequências. Dizem que o fazem em consciência e com responsabilidade, mas ao mesmo tempo falando em estados de sofrimento extremo, sendo que, por tudo isto, acabam tendo um comportamento "heróico", que alguns entendem como um acto de amor para com o feto abortado.

Alegam-se, sistematicamente, graves problemas económicos e sociais na origem do aborto clandestino. Ou seja, uma das grandes motivações que parte do "SIM", é uma atenção especial a ter para com as mulheres/famílias que não têm condições para suportar mais um filho.

Vamos então "ouvir" as mulheres, e procurar conhecer as reais motivações por detrás do aborto clandestino. A seguir, apresentam-se dois estudos levados a cabo por defensores do "SIM". O primeiro, feito pelo "SIM" de 1997, o segundo, pelo "SIM" de 2006/07, ambos às portas de referendos para a despenalização da IVG:
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a) Estudo elaborado por Teresa Tomé (Contributo para o estudo da epidemiologia da IVG, Coimbra, pág.29, 1997). Para mais dados e interpretações deste estudo, consultar aqui.

Motivo do aborto, em percentagem.

1. Não querer mais filhos: 40,3 %
2. Não querer filhos para já: 14,3 %
3. Ser muito nova: 11,4 %
4. Problemas de saúde: 7,0 %
5. O curso está primeiro: 6,7 %
6. Problemas sociais: 6,0 %
7. Problemas familiares: 4,8 %
8. Problemas económicos: 4,4 %
9. Não querer ter filhos: 2,0 %
10. Outros motivos: 3,2 %

("O mesmo estudo conclui que a esmagadora maioria das mulheres "abortaram independentemente da sua situação profissional, do seu nível sócio-económico, das suas habilitações e até mesmo com fontes de informação próximas ou serviços [de planeamento familiar] disponíveis (p.45, conclusão 2) " )
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b) Estudo apresentado pela Associação para o Planeamento Familiar (APF). Para mais dados e interpretações deste estudo, consultar aqui.

Motivo do aborto, em percentagem. (2000 entrevistas):

1. Era muito jovem: 17,8%
2. As condições económicas não o permitiam: 14,1%
3. Por não desejar ter filhos: 13,2%
4. Tinha tido um filho à pouco tempo: 10,4%
5. Companheiro rejeitou gravidez: 9,4%
6. Instabilidade conjugal:9,1%
7. Pressões familiares: 8%
8. Problemas de saúde: 4,2%
9. Malformações do feto: 3,3%
10. Já não tinha idade para ter filhos: 2,6%
11. Outro motivo: 8,1%

("Também aqui se apresentam outros dados adicionais, nomeadamente que o chamado "aborto de vão de escada" é uma raridade no actual panorama da clandestinidade, que o aborto vem diminuindo, ou que a grande maioria dos abortos advêm de relações desprotegidas. " )
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Como se pode verificar, em ambos os casos é notória a pouca preponderância dos motivos sócio-económicos, como origem do aborto clandestino. No estudo de 97, estes assumem apenas 4,4%, já no de 2006 verifica-se um aumento para 14,01%.

Por outro lado, e de uma vez por todas, fica claro que a grande maioria destas mulheres assume, como motivação, meros critérios de preferência, prioridade e conveniência.

Em suma, é necessário entender, que uma eventual alteração da Lei virá essencialmente favorecer este tipo de disposição, ou seja, a desresponsabilização e um livre arbítrio, que não age apenas sobre o corpo da mulher.

Por fim, assuma-se que uma condigna atenção do Estado perante estas carências económicas, possa atenuar este desespero desorientador. E porquê "desorientador"? Porque segundo uma outra sondagem, esta apresentada pelo "NÃO" (1880 entrevistas), 76% das inquiridas respondeu que "se estivesse grávida e atravessasse um momento de dificuldade ou dúvida sobre a sua gravidez ou maternidade, desejaria ser ajudada e apoiada a manter a gravidez e poder ter o bebé":

janeiro 22, 2007

"30 ans: ça suffit"



15 mil em Paris contra o aborto.

Estes já sabem do que falam... Tiveram de experimentar a Lei para compreender os motivos da sua rejeição. Por cá, querem-nos fazer sentir a "urgência" do sentido inverso.

O "progressismo" português...sempre um passo atrás.

janeiro 21, 2007

"Assim Não"



Marcelo Rebelo de Sousa criou página pessoal, no combate à proposta de alteração da Lei sobre a IVG.

janeiro 20, 2007

Ping-pong.



Segundo as opiniões "da moda", seres indesejados só vêm ao Mundo para sofrer e fazer sofrer. Pudesse esta mãe ter abortado confortavelmente e já esta criança não criava tantos problemas ao Mundo...! Ah... maldita lei!

É curioso que num tempo em que se pretende reduzir a maternidade ao patamar do menu de restaurante, venha de Torres Novas (origem deste blog) o exemplo de quem se faz aprisionar por amor ao próximo.

janeiro 19, 2007

É p'ro menino e p'ra menina!

Nova sondagem. Esta da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença.

SIM à discriminalização: 52,5%
NÃO à discriminalização: 47,5%

janeiro 18, 2007

A quem interessa ouvir?



Ainda estou para tentar compreender qual a intenção de certa comunicação social, quando insiste em colar a campanha do "NÃO" à Igreja, relevando e extrapolando certas e determinadas iniciativas individuais, que não se inserem em qualquer plataforma de cidadãos ou sequer cumprem com as instruções do pariarcado.

É recorrente a amostragem de iniciativas do grupos do "SIM", apresentando-se inlusivé discursos de ministros, a par de pequenos episódios e discursos isolados, protagnizados por sacerdotes da província, negligenciando-se as iniciativas ou os diversos contributos diários vindos dos muitos grupos de cidadãos pelo "NÃO".

Parece haver aqui uma clara intenção de se fabricar, sempre que possível, uma apologia do "discurso sereno e avisado" do "SIM", por oposição a uma postura "fundamentalista" e provinciana do "NÃO". Lembro o fraco destaque dado pelos diversos órgãos de comunicação à bem representativa e esclarecedora reunião de mais de 500 médicos e estudantes de medicina no passado dia 12, com vista à subscrição de uma declaração de princípios de apoio ao "NÃO" e que contou mesmo com a presença do bastonário da respectiva Ordem. (encontrar-se-ão dia 27 de Janeiro, às 20:00, em simultâneo em Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Viseu, Castelo Branco e outras cidades portuguesas).

Ora, desde um padre de Oliveira de Azeméis que distribuiu panfletos com “imagens chocantes”, ora um cónego de Castelo de Vide que vem ameaçar com a excomunhão, ora ainda uma tal "associação de leigos católicos" que se põe a distribuir panfletos contra o aborto, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima... Para a nossa comunicação social, um padre que pregue, à sua maneira, no cu de Judas, é tão relevante quanto uma entrevista ao porta voz de um dos muitos grupos que representam, cada um, milhares de assinaturas de cidadãos anónimos.

Assim, gentilmente, se manipula a informação.

janeiro 17, 2007

Pelo NÃO!

janeiro 16, 2007

Um aparte.



Hoje em dia e cada vez mais, há razões externas (alheias às causas congénitas), como os maus hábitos alimentares, poluição, estilo de vida, etc., que aumentam a infertilidade entre os casais que querem ter filhos.

Ora, “de acordo com as causas detectadas há, na maioria dos casos, tratamento adequado para uma “concepção assistida”, como seja:

Por intervenção cirúrgica, por intervenção medicamentosa, por mudança de estilos de vida, por inseminação artificial, de que há várias modalidades como, por exemplo, a indução de ovulação, a indução de produção de melhor esperma, inseminação intra-uterina, fertilização in vitro, ICGS (injecção de um espermatozóide num óvulo usando micropipetas ou outras técnicas de micromanipulação)”.


Como é que é possível, pois, que neste país se ande a clamar por “Evolução” e “Civilização”, atribuindo-lhe a liberalização do aborto como paradigma, quando temos um Estado que se demite de apoiar o combate à infertilidade e não se ouve ninguém a clamar por apoio, face a esses tratamentos caríssimos?!?!?

A “questão de saúde pública”, para este governo, fica-se pelo financiamento da morte?

janeiro 15, 2007

Fraude.



Já por aí se vê este cartaz, lançado pelo PS. Eles simplesmente não podem sofrer uma tal derrota política. E estão dispostos a tudo!

No decorrer desta campanha enganosa ("prisão"?!? Mas prisão de quem?), o grupo "Independentes Pelo Não" dirigiu uma carta ao ministro da Justiça, Alberto Costa, pedindo os dados oficiais sobre actos jurídicos decorrentes do aborto clandestino.

A resposta do ministro deixa clara a fraude que constitui o recente cartaz do partido do governo.

Aqui ficam as conclusões de mais este engano.

janeiro 13, 2007

Bebés e Crucifixos!



Aqui há umas semanas (só agora me apeteceu ligar a isto!), um grupesco conhecido por "República e Laicidade", procurou fundamentar-se na Lei Orgânica do Regime do Referendo para obrigar a que se retirem os crucifixos existentes nas salas de aula, onde se realizarão as votações para o próximo referendo sobre o aborto.

O excerto da lei (15/A-98, de 3 de Abril) é o seguinte:

"(...)é proibida a exibição de qualquer propaganda dentro das assembleias de voto... por propaganda entende-se também a exibição de símbolos...representativos de posições assumidas perante o referendo".

Uma vez que a Igreja portuguesa assume uma posição sobre a matéria a referendar, eles consideram que qualquer símbolo desta, como o crucifixo (o que não é exacto, tendo em conta que o crucifixo representa uma vasta corrente religiosa que não se limita à Igreja portuguesa ou sequer à Igreja Católica em geral), deverá ser removido do local de voto.

A CNE acedeu, mas, ainda assim, o presidente do grupesco veio a reclamar por não se preverem "coimas para os infractores".

Esta gente não tem mais nada que fazer, está visto. De vez em quando lá desenterram o seu ódio de estimação, para mostrar que tal aberração associativa tem uma razão de existir (para além de sugar recursos ao Estado).

Esquecem-se que um eleitor cristão já votará de acordo com a sua consciência religiosa. Esquecem-se também que um cidadão não cristão, jamais será influenciado por algo que nada lhe diz. Acima de tudo, esquecem-se que quem se dirige à mesa de voto, já sabe para o que vai e como vai. Mal seria se ainda se dispusesse a colocar a cruz à sorte, ou a ser influenciado por um dos símbolos mais costumeiros e banalizados da nossa sociedade, quando à boca da urna.

A Lei em causa, que está correcta, foi criada desta forma essencialmente para evitar o caciquismo partidário de última hora, o que nada tem a ver com este ataque a algo de que ninguém se lembraria, não fosse esta gente histérica.

Aliás, já alguns partidários da despenalização vieram dizer que não se revêem neste tipo de preocupação.

Tudo não passa, pois, de mais uma mostra do protagonismo fundamentalista anti-católico, que vem alimentando o viver destas tristes alminhas.
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Muito mais eficaz, numa procura de votos de última hora, seria a presença massiva de bebés, crianças e jovens junto de seus pais enquanto na fila para votar.

O que me diz a "República e Laicidade"?!? Vamos proibir bebés no local de voto e manda-los para junto dos crucifixos?!?

janeiro 12, 2007

Palavra de Odete!







Segundo Odete Santos, está “cientificamente provado” que o começar do bater do coração nada tem a ver com o início da Vida. A senhora fez esta observação quando hoje se propunha “desmistificar” um dos slogans do NÃO (“Abortar por opção sabendo que já bate um coração? Não obrigado”).

São inauditas as fontes “científicas” da Dª Odete…!

Só é pena que ela agora não se lembre que é com o parar do bater desse coração que a Vida acaba… Mas quando for o referendo pela eutanásia logo se lembrará, tenho a certeza! Aí já convém saber como a Vida se acaba...ou como se acaba com a Vida!

janeiro 11, 2007

Verdades inconvenientes...



Hoje, o "Jornal da Noite" da TVI abriu com o anúncio:

"O «sim» venceria o referendo sobre o aborto, se a consulta se realizasse hoje. É o que indica uma sondagem realizada pela Intercampus para a TVI, jornal «O Público» e Rádio Clube. O «sim» vencia com 67% dos votos e o «não» teria apenas 33%."

Eis o resto dos números apurados:

Aborto em caso de violação, risco de vida para a mãe ou grave deficiência do feto:
Sim - 83% Não - 17%

Aborto em caso de risco para a saúde física da mãe:
Sim - 79% Não - 21%

Aborto em caso de risco para a saúde psíquica da mãe:
Sim - 72 % Não - 28%

Aborto caso a família não disponha de meios de sustento:
Sim - 49% Não - 40%

Aborto caso a mãe não deseje ter o filho:
Sim - 43% Não - 45%
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Analisando estes 5 resultados, começamos por verificar que os três primeiros vão ao encontro de uma total identificação popular com a actual Lei.

Se analisarmos o 4º resultado, verificamos ser muito ténue a diferença entre o número de portugueses que aceita ou não uma despenalização por razões económicas graves. Partamos, pois, do princípio lógico de que, caso o Estado honrasse os seus compromissos e facilitasse a vida às famílias numerosas e/ou carenciadas (nomeadamente aliviando-lhes a carga fiscal), este problema fosse significativamente atenuado, alterando esta curta diferença numérica.

Mas quando analisamos o 5º resultado...aí, entendemos que os portugueses são contra a Lei que a despenalização lhes trará. Simplesmente, não foram ainda suficientemente esclarecidos para entender que estão a ser enganados pelo "SIM".

Tendo em conta que as mulheres podiam ser "retiradas da prisão" (como se alguma vez lá tivessem entrado!) pedindo-se a penalização exclusiva do técnico que procede ao aborto, ilibando-as a elas, só encontramos uma razão para o "SIM" exigir uma despenalização total: pretende-se, na verdade, que o aborto tome parte do programa de planeamento familiar, como se do derradeiro contraceptivo se tratasse.

Simplesmente, esta sondagem (que não passa disso mesmo, e, creio até que os valores reais sejam bem mais equilibrados) vem mostrar-nos que os portugueses rejeitam esta postura face ao aborto. Não querem que uma mulher possa abortar arbitrariamente.


Caros amigos, há uma mentira para desfazer.

janeiro 10, 2007

14 para 5 ?!?



Segundo o Jornal de Notícias de hoje, a apresentação de movimentos de cidadãos junto do CNE (Comissão Nacional de Eleições), para fazer a campanha do próximo referendo, traduz-se numa disparidade de 14 para 5, sendo que os 14 se colocam pelo lado do NÃO.

Sem dúvida que não será o tempo de antena a ditar o vencedor (até porque metade desse tempo será atribuído aos partidos, que estão numa proporção de 1 para 3, a favor da despenalização), no entanto, é curioso observar que são os "situacionistas" a mobilizar-se melhor e a chegar mais perto da população.

Pela lógica, o afã recalcado do SIM (face à anterior derrota) em obter um bom resultado, seria justificação para a situação oposta, o que se não verifica.

O SIM de 98 justificou a fraca mobilização com as idas à praia e o convencimento dos seus eleitores de que o referendo "estava ganho". Pois, agora que não é tempo de praia e já somam uma derrota...foram aos saldos?!?!?

Onde estão os defensores do SIM dispostos a dar a cara, a colher assinaturas, a ir para as ruas...?! E não venham cá dizer que o NÃO se mobiliza por militância e que por isso dá mais nas vistas. Tendo em conta que o actual "politicamente correcto" vem, pura e simplesmente, ridicularizando e descriminando quem apela à Vida, teriam estes muitas mais razões para se esconderem em casa e limitar a por a cruzinha dia 11.

Independentemente do resultado deste referendo, aqueles que pugnam pelo respeito pela Vida Humana têm já uma vitória assegurada: a consciência esclarecida sobre o que entendem por civilização, e sobre qual o caminho a percorrer para a concretizar.

Esses dormirão descansados.

Mais um.



"Guard'a Vida ultrapassa as 11.000 assinaturas e entrega amanhã, dia 11, a sua candidatura na Comissão Nacional de Eleições."

janeiro 09, 2007

Pelo NÃO!

janeiro 08, 2007

Responsabilidade, para que te quero?!



No outro dia chamaram-me a atenção para um artigo que veio na revista Sábado (nº137, pág.117). Tem o título “O filho da Johnson & Johnson” e deixo-o aqui na íntegra:
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Tiveram azar. Naquele dia de 1998 escolheram o único preservativo que estava furado. No calor do momento, não deram pelo defeito. Perceberam que alguma coisa não estava bem e ele, precavido, guardou o contraceptivo num frasco. Mais tarde podia ser preciso provar que nada tinha sido planeado – a doença da mulher não lhe permitia ter filhos, ela podia até correr risco de vida.

Quando a história lhes chegou aos ouvidos, em 2001, os responsáveis da Johnson & Johnson no Brasil ficaram perplexos. O casal queria processar a empresa. A legavam os dois que a marca tinha de se responsabilizar pelo nascimento da criança indesejada, na época com 2 anos: pediram à justiça que condenasse a Johnson & Johnson a pagar uma indemnização e a garantir a subsistência do filho até aos 21 anos.

Claro que os directores da marca nunca pensaram pagar. Porque o preservativo apresentado como prova, três anos depois de usado, era dos argumentos mais mirabolantes, e, obviamente, porque a justiça não daria razão ao casal.

Mas deu. A primeira instância do Tribunal de Juiz de Fora condenou a multinacional a pagar 12 mil euros e a garantir a pensão da criança até 2020. Até hoje, o rapaz não recebeu nada: a Johnson & Johnson recorreu e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais invalidou a sentença.

Dessa vez, os juízes não foram simpáticos. “Fico consternado em deparar-me com uma acção que um pai e uma mãe movem para obter uma indemnização porque o seu filho foi concebido. No meu ponto de vista, o que rebentou não foi só uma camisinha, foi a dignidade moral de um ser humano”. Foi como o desembargador Francisco Kupidlowski encerrou a questão. Se bem que não por muito tempo: os pais interpuseram novo recurso e agora querem ver o caso julgado no Supremo Tribunal Federal, porque o Superior Tribunal de Justiça se recusou a reabrir o processo
.”
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Naturalmente que, com a divulgação deste artigo, não pretendo acusar os defensores do SIM de tal debilidade mental (já nem é moral). Pretendo, sim, demonstrar que existe, de facto, todo o tipo de gente, homens e mulheres. Sendo que, em comum, todos têm um instinto sexual e a capacidade de procriar, resta-nos imaginar a inimaginável amplitude do conceito de decência, moral, ética e respeito, que emana de cada um e se reflecte nos mais indefesos.

Ora, quando se pretende liberalizar o aborto, cria-se, na realidade, uma inquestionável e incontrolável arbitrariedade sobre a Vida. Não há limites.

Neste momento, também por cá se questiona o inquestionável: “Que direito tem o Estado de obrigar as mulheres a terem filhos”? Isto, quando são elas que optam por ter ou não relações sexuais e são livres de escolher a contracepção que entenderem, em função da sua vontade de engravidar ou não.

Facilmente a “livre escolha” se confunde com a “rejeição de responsabilidades”. Frequentemente, ambas conduzem ao desrespeito pela Vida Humana.

janeiro 06, 2007

5 - (IVG) Ouvir os Médicos.



Segue a actual versão do “Juramento de Hipócrates”, proferida a cada ano pelos novos médicos saídos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (de onde se extraiu o texto):

"Ao ser admitido como membro da profissão médica, juro solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Guardarei o respeito e o reconhecimento que são devidos aos meus mestres.
Considerarei a saúde do meu doente como meu primeiro cuidado.
Respeitarei o segredo que me for confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
Os meus colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, política ou condição social se entreponham entre o meu dever e o meu doente.
Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início, mesmo sob ameaça.
Não farei uso dos meus conhecimentos contra as leis da humanidade.
Faço este juramento solenemente, livremente e pela minha honra
."

Trata-se de um texto com a origem longínqua de 2500 anos, retomado e proclamado na modernidade, a bem de uma ética a cumprir por quantos lidem com a Vida. Aprovado na Declaração de Genebra pela Organização Mundial de Saúde, em 1948, manteve-se actual e presente entre os investigadores e profissionais da chamada “medicina convencional”.

No passado programa “Prós e Contras” sobre o aborto, o actual bastonário da Ordem dos Médicos era questionado sobre a actualidade do juramento, ao que prontamente respondeu que sim. Mais, confrontado com a pretensão da despenalização do aborto, o bastonário explicou as suas reticências sobre a ordem de prioridades e preferências do governo. “O esforço financeiro, a fazer, deve ser feito para evitar os abortos, junto dos métodos de contracepção” O bastonário não compreende que o ministro venha preparar e anunciar publicamente a comparticipação total do Estado junto de clínicas privadas espanholas que já anunciaram a sua vinda, quando não pôs a mesma disponibilidade para financiar os diversos métodos de contracepção, todos pagos actualmente.

O aborto é algo profundamente negativo a evitar a qualquer custo”, conclui.

Deixou ainda claro que a maioria dos profissionais de saúde em Portugal se lhe opõe e pretende evocar a “Objecção de Consciência”, consagrada pela Lei.

Ora, quando os médicos, em bloco, rejeitam este tipo de prática, enumerando razões diversas, a começar pela subversão do propósito primeiro da medicina, que é salvar vidas, eu só posso ser contra. São eles os conhecedores e investigadores do corpo humano, são eles que entendem até que ponto podem ou devem agir sobre a Vida. Melhor do que ninguém, o médico tem a noção de que, podendo tão facilmente perder uma vida, não tem a capacidade para a restituir. Ele conhece a fina fronteira que separa a plena existência da mais irreparável ausência. E é este facto que o leva a um respeito quase religioso pela Vida. É compreensível.

Não é qualquer ser-humano que se dispõe a usar dos seus conhecimentos para fazer cessar uma vida, especialmente quando ela não expressa uma vontade e é refém da vontade de outros. Um médico sabe como se faz um aborto, ele sabe o que tem de provocar, ele sabe o que traz cá para fora… Ele sabe e vê aquilo que mais ninguém sabe ou sequer terá de ver.

Não se pode pedir aos médicos que sejam afectuosos, sensíveis e zeladores dos seus pacientes, e ao mesmo tempo esperar deles a frieza e a coragem para pura e simplesmente eliminar uma vida.

Na perspectiva da medicina, os seus meios servem para restabelecer o normal funcionamento do corpo. O aborto significa o contrário, ou seja, a corrupção de um processo natural e que é consequência do único acto que lhe pode dar origem, o sexo. Ora, quando queremos fazer do aborto uma espécie de terapia, uma “cura”, uma mera operação médica, esquecemo-nos que algo distingue um feto de um cancro ou de uma hérnia discal. E se estes dois últimos são, sem dúvida, lixo biológico, causado pelo anormal funcionamento do corpo (por aquilo a que se pode, de facto, apelidar de “acidente”), já o primeiro é a simples e natural consequência do normal funcionamento do organismo humano.

É esta espécie de equiparação que os médicos não aceitam e o ministro não entende, procurando pressiona-los a acatar as decisões políticas.


Deixo aqui , novamente, as imagens de um aborto feito entre as 10 e as 11 semanas.Sublinho vivamente que não o vejam as pessoas mais sensíveis.

janeiro 05, 2007

Assinaturas...



O "Norte Pela Vida" entregará no próximo dia 9, mais 10 mil assinaturas do que as necessárias 5 mil, para aceder ao tempo de antena, 15.000 assinaturas, portanto.



A plataforma "Não Obrigado" entregou hoje 17.367 assinaturas.



O "Minho com Vida" concluiu já a sua recolha, tendo ultrapassado largamente as 5 mil assinaturas (33.645 - o movimento que se apresentará a referendo com mais assinaturas) e apresentando-as no próximo dia 9, junto do CNE.



Também o "Algarve Pela Vida", reuniu já cerca de 7 mil assinaturas, programando a sua apresentação no próximo dia 9.

janeiro 04, 2007

As "doentes" saudáveis!



Ficámos hoje a saber que Correia de Campos estima uma despesa entre 350 a 700 euros por cada aborto. Uma despesa a ser suportada pelo Estado, por via do orçamento distribuído a cada hospital.

O ministro assegura que “se o sim ganhar no próximo dia 11 de Fevereiro, as interrupções voluntárias de gravidez serão tratadas como qualquer outro acto médico e os hospitais públicos com serviço de ginecologia e obstetrícia vão ter de as fazer.”

Caso estes não o assegurem, serão responsáveis por encaminhar as requerentes para o sector privado, bem como pelos respectivos custos daí decorrentes.


Portanto, uma mulher saudável que decide que uma gravidez saudável, resultante de um acto sexual livre, deverá ser eliminado por meio de uma operação médica e às expensas do Estado, será encarada da mesmíssima forma que uma cancerosa que não pediu para adoecer, que tudo o que quer é continuar a viver e ser tratada com os meios e no tempo indicado para tal… Interessante...!

Todos sabemos do actual estado da nossa Saúde, dos tempos de espera, da falta de meios, e da forma como tudo isso se reflecte na irreversibilidade de muitos casos com gravidade. Tendo em conta que o ministro garante a equiparação dos abortos a qualquer “outro acto médico” (como se a gravidez fosse uma doença!), lógico é assumir que, pela sua natureza, estes serão encarados como casos prioritários.

Ou seja, caso o SIM vença, teremos gente com diagnósticos e intervenções cirúrgicas por fazer, à espera que as senhoras acabem de desfazer o “acidente”, e ver quanto sobra para aquelas doenças tratáveis para lá das 10 semanas.

Quando vemos filas de espera descomunais para a colocação de bandas gástricas, tratamentos urgentes de fisioterapia, colocação de próteses, transplantes de tudo e mais alguma coisa, ou para a simples atribuição de um médico de família… pensar numa mulher que, por ser saudável engravidou, mas terá o benefício da prioridade sobre quem está efectivamente doente, para desfazer o que livremente fez… É ultrajante!

E é simples, ou o ministro pretende dar mais, muito mais dinheiro aos hospitais, para fazer face às múltiplas carências do sector, ou então aguardamos para ver que doentes terão os hospitais de preterir, em favor das senhoras saudáveis que querem abortar.
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Por fim, ficámos ainda a saber que o sr. Ministro pretende que “as mulheres que não quiserem ser identificadas não possam ser atendidas nos hospitais do Estado.”

Portanto, se as senhoras não quiserem que seja público o seu “tratamento” (como é norma em todos os actos médicos), terão de recorrer ao privado a expensas próprias, o que, curiosamente, constituirá factor de alívio financeiro para o ministro, que até já considerou esta medida um factor de minimização da procura dos hospitais públicos para tal!

Portanto, ele quer garantir que o Estado possa fazer abortos, mas está a contar com a vergonha das mulheres para gastar menos dinheiro com a coisa...

Pelos vistos, a apregoada “humilhação” estará para durar…!

Ele sabe-a toda!

janeiro 03, 2007

Factos e Verdade!



Sai este mês:

"Na sociedade actual, há um círculo de silêncio que limita qualquer possibilidade de compreensão do que significa um aborto provocado e de quais são as suas consequências dramáticas. A mensagem é clara: «Aborta, e ficas com o teu problema resolvido!».

Mas estas palavras trazem consigo um vazio irreversível. Como afirma uma mulher que abortou: «Agora penso no meu bebé a cada instante [...] já não está cá, e eu estou vazia, completamente vazia». «Tudo quanto vivo deve-se à vida dum ser humano, mas sou incapaz de aceitar que a minha comodidade e a minha liberdade tenham esse preço», confessa um rapaz que ajudou a namorada a abortar.

Este livro reúne uma série de testemunhos impressionantes de mulheres que abortaram e de outras pessoas que com elas pactuaram nessa decisão. São elas próprias quem nos dá conta da sua experiência e da forma como ela marcou as suas vidas. É a denúncia de uma realidade tremenda de que ninguém fala. Mas também um apelo à esperança.

Eis a voz das vítimas
."

in: Principia Editora.

janeiro 02, 2007

Longe da vista, longe do coração...




A drª Elisabeth Aubény, ginecologista e obstetra francesa, deu recentemente uma entrevista à “Visão” (nº721), onde nos conta a sua luta (e vitórias) em prol de uma contracepção alargada e do aborto livre, sendo mesmo a responsável pela introdução da “pílula do dia seguinte” em França. Actualmente reformada, palmilha o Mundo proferindo palestras sobre a sua ideia de aborto e contracepção.

Veio até Portugal a convite do grupo “Médicos Pela Escolha”, e, numa profusa entrevista de 3 páginas, fala das suas “conquistas” em França e do que poderemos nós “aprender” com o seu exemplo. De toda essa grande “lição” sobre o livre dispor da Vida, destaco esta parte:

Visão – Não há, portanto, mulheres a dar à luz e mulheres a fazer abortos lado a lado. (sobre a metodologia adoptada pelos hospitais franceses)

Aubény – É errado misturar. Provou-se que, em geral, as mulheres que pediam para abortar ficavam muito traumatizadas por verem bebés a nascer e que, para o próprio pessoal médico, a situação era difícil de gerir.

Bem se vê do pragmatismo desta gente. O objectivo é eliminar essa vida, por via de uma vontade demonstrada pela mulher. Logo, todo e qualquer factor que a possa demover ou fazer repensar essa opção, nomeadamente observando em primeira-mão aquilo de que estará a abdicar, tem de ser também eliminado. Não vá o diabo tecê-las!

Ora, quando se toma uma opção tão determinante e radical, não há lugar a dúvidas ou a traumas. A senhora que está ao lado tem o filho porque quer. Seja muito feliz com ele.

Agora, quando, por essa proximidade, se criam situações de dúvida (antes inexistentes), cabe aos médicos apurar dessa certeza e não avançar sem que haja plena consciência da mesma.

Não é que defenda que se devam fazer abortos junto de quem dá à luz. Na verdade, preocupar-me-ia muito mais o trauma que isso pudesse causar à parturiente. No entanto, o verdadeiro mal do aborto é justamente o desconhecimento que a mulher tem face ao processo (durante e depois) e face ao alvo do mesmo. Ela não sabe como acontece, ela não vê o que provoca, não vê o que rejeita.

À medicina cabe salvar vidas e garantir o normal funcionamento do corpo, não lhe cabe corrompe-lo ou garantir que uma decisão difícil (e tantas vezes equivocada) seja a única possível, até que se torne definitiva.

Dia 28 - Caminhada pela VIDA.

janeiro 01, 2007

Um triste fim de ano...



"Na antevéspera do Ano Novo, damos uma prova de mediocridade que nos toca a todos. É que, num mundo em que prevalece uma moral que condena a pena de morte com o mesmo afã com que proclama a legitimidade do aborto livre, não há homens impolutos. É um mundo imaturo e cheio de “novos anos” para celebrar."

in: Jardim do Arraial